BJ28 - Novoperfil Portugal

PERFIL 50 REPORTAGEM | APAL energéticos e ambientais a processos como anodização e lacagem. “Não somos contra melhorar o ambiente”, explicou. Mas é essencial que “as regras europeias sejam realistas e adaptadas às especificidades do setor”. Da vertente técnica passou-se à urbana. Armando Pinto lembrou que “sem o alumínio não teríamos uma arquitetura tão transparente e iluminada como a que temos hoje e, provavelmente, um ambiente urbano tão confortável”. Na sua perspetiva “graças às caraterísticas do alumínio, de leveza e durabilidade conseguimos criar vãos que passaram de pequenos quadrados (fachadas de 10% de vidro) para fachadas quase totalmente envidraçadas. O investigador do LNEC recordou ainda o papel pioneiro do LNEC nos bancos de ensaios de janelas e fachadas desde os anos 80, impulsionando a certificação e internacionalização da indústria portuguesa. O alumínio transformou a arquitetura urbana e deu-lhe modernidade. O tom aqueceu quando Felipe Quintá, presidente da AEA - Associação Espanhola do Alumínio, trouxe o testemunho de quem vive a regulação no terreno: “as metas europeias visaram salvar o mundo, mas acabámos por destruir parte da nossa indústria. Há demasiada burocracia e demora-se anos a obter licenças – para um anodizado, para um lacado, para montar uma fábrica…”. E, com isto, “estamos a importar cada vez mais produtos com maior pegada de carbono, pelas limitações legais impostas na Europa. Acresce que nos Estados Unidos essas mesmas licenças conseguem-se em semanas, acusou. Face a esta realidade, o auditório reconheceu a tensão entre ambição ambiental e pragmatismo industrial. Rute Fontinha, investigadora especialista em corrosão, lembrou que a sustentabilidade começa na durabilidade. Como afirmou, “um produto certificado contra a corrosão (como o aço) é um produto que dura mais e evita desperdício. O alumínio puro tem, de facto, uma resistência à corrosão que pode ser 120 vezes superior à do aço”. Contudo as ligas de alumínio "já necessitam de um tratamento à superfície para criar uma barreira de proteção” e garantir a longevidade que faz do alumínio um material verdadeiramente sustentável. A respeito da evolução dos padrões de qualidade das tintas e revestimentos de alumínio, Coby Armar considerou que nas últimas duas décadas se verifica “uma transição de uma abordagem focada na aparência da superfície, dentro da indústria de alumínio, para uma abordagem mais direta e focada na performance dos dados”. O que significa, a nível de códigos de qualidade, especificações e de certificação, a garantia de que “estamos na linha da frente e digitalizaremos todos os nossos processos, incluindo no que concerne certos aspetos no domínio da inspeção”. Para o especialista em licenciamento, “temos de ser mais diretos quanto aos dados”, já que isso “nos permite reunir toda essa informação e utilizá- -la em grupos de trabalho técnicos, para inovar o mais possível dentro da indústria". Este é, na sua área, o maior desafio atual no setor do alumínio, avançou ainda o secretário-geral da QUALICOAT. SUSTENTABILIDADE E REGULAÇÃO: ENTRE A AMBIÇÃO E O REALISMO Também com moderação de Luís Ribeiro, o segundo painel mergulhou no cerne dos desafios atuais: a sustentabilidade e a regulação ambiental europeia. No total, seis oradores oriundos da indústria, da arquitetura, da II Painel da Conferência '200 Anos do Alumínio'.

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