35 PERFIL DIGITAL TWINS E REALIDADE AUMENTADA engenharia e arquitetura já incorporam gémeos digitais em edifícios e infraestruturas, associando-lhes sensores IoT (Internet of Things ou Internet das Coisas), inteligência artificial e algoritmos de análise preditiva. No entanto, a transição não se faz apenas de tecnologia: exige interoperabilidade, normalização e novas competências, como sublinha o professor António Aguiar da Costa, investigador do CERIS – Instituto Superior Técnico. “No REV@Construction, o digital twin e a realidade aumentada foram entendidos como elementos centrais de uma transformação estrutural do setor, e não como exercícios tecnológicos isolados”, explica. A visão do projeto, coordenado pelo CERIS, foi assegurar continuidade de informação ao longo de todo o ciclo de vida do ativo, ligando projeto, construção e operação através de uma representação digital coerente e permanentemente alinhada com a realidade física. DA TEORIA À PRÁTICA Segundo o investigador, o gémeo digital é a evolução natural do BIM, “um sistema vivo de gestão de informação, alimentado por dados reais, regras de desempenho e processos de atualização contínua”. Já a RA acrescenta “a dimensão operativa”, permitindo materializar no terreno o valor dessa informação, quer em montagem assistida, quer em verificação as-built ou diagnóstico in situ. Esta integração conceptual – BIM, digital twin e RA – constitui o núcleo da Twin Transition: a convergência entre digitalização e sustentabilidade. A indústria começa a seguir o mesmo caminho. Um exemplo concreto é o da Reynaers Aluminium, que desenvolveu o DigiTrace, um sistema de gémeos digitais aplicado a fachadas, janelas e portas. A empresa explora também tecnologias imersivas, como a sala Avalon, para visualizar projetos em escala real antes da construção. Com o DigiTrace, cada elemento físico é identificado por um código QR único, permitindo aceder de imediato a dados técnicos, históricos de manutenção e certificações. “A manutenção torna-se significativamente mais acessível, simples e eficiente”, afirma Marta Ramos, diretora de Marketing da Reynaers Aluminium e Forster Profile Systems. O DigiTrace permite que todos os intervenientes, do arquiteto ao instalador, consultem o histórico e adicionem observações diretamente associadas ao produto, centralizando toda a informação num ponto digital. Numa fase seguinte a plataforma passará a integrar as Declarações Ambientais de Produto (EPD), reforçando a rastreabilidade e a transparência ambiental. Este desenvolvimento, explica Marta Ramos, está alinhado com as exigências do novo Regulamento dos Produtos de Construção, que colocará a digitalização e a rastreabilidade no centro da conformidade técnica e ambiental dos materiais de construção. A ligação entre o DigiTrace e o BIM é outro passo determinante. Embora a integração total ainda esteja em DigiTrace. © Reynaers Aluminium
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