OPINIÃO 78 A COP e a conjuntura internacional difícil: negociações no fio da navalha Carmen Lima* Consultora para a Sustentabilidade Não restam dúvidas sobre a urgência planetária face ao desequilíbrio dos ecossistemas, ao aquecimento global, às alterações climáticas, à escassez de água potável e aos dramáticos efeitos sociais que estes fenómenos provocam. Contudo, não existe uma fórmula mágica para inverter esta situação de forma automática. Se, por um lado, a urgência em resolver estas crises é premente, por outro, a sucessiva instabilidade da conjuntura internacional – motivada por conflitos armados, tensões geopolíticas, crise energética e alimentar, e a ascensão de economias focadas no seu próprio crescimento – coloca enormes dificuldades na obtenção de entendimentos sobre políticas ambientais, que nem a melhor diplomacia consegue resolver. Embora já devêssemos ter internalizado que o fator humano é parte indissociável do Planeta e dos seus efeitos, é extremamente difícil colocar na mesma balança uma aposta firme em economias assentes em fontes renováveis e circulares, quando, do outro lado, se negoceiam estratégias militares ou o fornecimento de equipamento bélico. O Mundo debate-se numa gestão arriscada entre dois polos: como impactamos menos o Planeta versus como resolvemos a extremada instabilidade social global? Quem, neste fio da navalha, terá a coragem de limitar o uso de combustíveis fósseis e manter o avanço para a neutralidade carbónica, num panoBelém - Líderes posam para a fotografia de familia durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas COP 30 (Hermes Caruzo/COP30).
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