BI343 - O Instalador

72 ASSOCIAÇÕES nidades em toda a cadeia de valor, desde manutenção, segurança e fornecedores tecnológicos, até serviços locais, com um forte efeito multiplicador na economia. Estes projetos podem ainda funcionar como consumidores “âncora” do sistema elétrico, promovendo o reforço da rede e incentivando soluções de armazenamento e flexibilidade. Além disso, contribuem para a modernização das infraestruturas digitais e elétricas, atraem empresas de software, cibersegurança, cloud e inteligência artificial, e impulsionam o desenvolvimento de clusters tecnológicos e inovação, aumentando a competitividade do país e a sua capacidade de atrair investimento adicional. A nível fiscal, geram receita através de impostos associados à construção, operação, consumo energético e atividade empresarial, contribuindo para o crescimento do PIB e a criação de valor sustentável. DESAFIOS NO HORIZONTE Apesar do potencial, a integração dos DCs enfrenta claras barreiras estruturais e regulatórias. A atual infraestrutura de rede elétrica é insuficiente, os pedidos de ligação revelam-se morosos, os custos são elevados e o planeamento descoordenado entre operadores de rede, entidades licenciadoras, municípios, investidores e a própria tutela. Considerando o exemplo dos EUA, onde a pressão é máxima, uma das respostas foi através de mecanismos de 'via rápida' para projetos prioritários, o que em certos casos deu origem a centros com geração a gás local para contornar a morosidade no reforço de ligações (por exemplo, o “Data Center Alley”, na Virgínia). Esta última, mesmo sendo uma solução pretendida temporária ou para resposta a picos de procura, acabou por gerar impactos ambientais e sociais nas imediações dos projetos, expondo as fragilidades de uma má integração no planeamento energético. Os DCs são também grandes consumidores de água, essencial ao arrefecimento, pelo que em regiões de stress hídrico a operação de clusters de inteligência artificial pode agravar a escassez deste importante recurso. Em Portugal, esta dimensão ainda é pouco debatida, mas deverá integrar o processo de Avaliação de Impacte Ambiental, sobretudo em zonas sensíveis ou com recursos hídricos limitados. Ocasionalmente, os DCs podem também constituir fontes de ruído, de emissões locais (no caso de recurso a geração fóssil local – o que não se pretende em Portugal) e produzir

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