71 ASSOCIAÇÕES A eletricidade para operação e arrefecimento é o principal custo operacional de um DC, caracterizado por um perfil de consumo estável, contínuo e praticamente ininterrupto, o que pode ser uma vulnerabilidade do ponto de vista da flexibilidade para com a rede elétrica, mas também como uma oportunidade: se esse consumo for alimentado por contratos de fornecimento de energia (Power Purchase Agreements, PPAs), autoconsumo local ou integração em projetos híbridos, o impacto no sistema pode ser neutro ou até positivo. No entanto, a ideia de que os DCs são consumidores rígidos pode começar a mudar. Com o auxílio da inteligência artificial, tornar-se-á possível ajustar dinamicamente cargas não críticas, como o processamento de tarefas batch ou o armazenamento temporário, em função dos preços de mercado e das condições da rede, além de uma integração otimizada em programas de resposta da procura. Juntando a contribuição do armazenamento em baterias, a gestão inteligente de cargas e contratos de flexibilidade, os DCs poderão mesmo contribuir para o equilíbrio da rede, participando nos mercados de serviços de sistemas e ajudando a acomodar a variabilidade das renováveis. Deste modo, os DCs em Portugal podem assumir um papel de catalisadores de nova capacidade renovável. O Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC) de 2030 prevê 93% de geração elétrica renovável, pelo que os PPAs corporativos e os sistemas de autoconsumo partilhado serão instrumentos-chave para que os DCs, com a sua procura estável, possam ancorar novos investimentos solares e eólicos, garantindo previsibilidade de receita e contribuindo para a segurança de abastecimento. Por outro lado, os DCs podem representar um importante motor económico para o país, gerando investimento direto com impacto imediato em atividades económicas de engenharia, equipamentos elétricos e serviços especializados. A sua instalação cria emprego qualificado e induz oportu-
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