BI337 - O Instalador

OPINIÃO * Especialista Sénior em Sustentabilidade (Gestão de Resíduos e Ambiente) Doutoranda em Engenharia do Ambiente no IST (investigadora na área do amianto) Fundadora e Presidente da SOS AMIANTO - Associação Portuguesa de Proteção Contra o Amianto Autora do livro “Não Há Planeta B: Dicas e Truques para um Ambiente Sustentável” Conselheira do CES - Conselho Económico e Social, pela CPADA, em representação das Associações Nacionais de Defesa do Ambiente 78 Apesar de tanta chuva, a seca vai continuar a ser um problema Carmen Lima* Neste mesmo ano, o Governo anunciou as medidas relacionadas com o combate à seca aprovadas em reunião do Conselho de Ministros, dedicadas essencialmente à região do Algarve, onde os níveis de armazenamento de água nas albufeiras estavam abaixo dos 50% e a reposição durante os períodos húmidos era praticamente inexistente, o que gerou consequências de défice contínuo deste recurso. Por outro lado, os dados apontavam para níveis de armazenamento de águas subterrâneas extremamente baixos, onde o armazenamento estavam abaixo do percentil 20. Neste período, acendeu-se o alerta vermelho relativamente à situação da região algarvia, o que levou à necessidade de aplicar medidas extraordinária e ações que sustentassem uma maior eficiência, poupança e racionalização das reservas de água (quer as superficiais, quer as subterrâneas). Esta situação de escassez, ainda que possa parecer sempre uma surpresa, não é novidade e já estava referenciada pelos cientistas como uma das consequências provocadas pelas alterações climáticas, principalmente para a zona do Algarve e Alentejo. Um dos maiores problemas da atualidade, que tem mobilizado praticamente todas as nações mundiais, são precisamente as alterações climáticas. À medida que os sinais das alterações climáticas têm sido cada vez mais presentes e frequentes, e visíveis a toda a Sociedade Civil, mesmo aos mais desconfiados, tem sido possível identificar os efeitos do aquecimento da temperatura. Estes são significativos e visíveis, como é o caso da escassez de água, uma consequência direta e preocupante, resultante do aumento das temperaturas globais. Embora esta mobilização seja visível do ponto de vista internacional e nas elevadas esferas do poder, as ações só serão eficazes se as medidas de aplicação forem de âmbito local. Foi essa atuação local que se fez sentir. Em resposta a uma situação de eminente emergência, foram adotadas medidas impulsionadoras e limitadoras, entre as quais a necessidade de restringir o uso de água nos consumos urbanos e nos setores do turismo e da agricultura, com a redução da pressão O Relatório de Estado do Ambiente, publicado em 2024, deu nota de que nos últimos 10 anos se verificaram períodos longos de seca meteorológica na região Sul, em especial no Baixo Alentejo e Algarve. Reforçou ainda que, em 2023, estas regiões tinham estado praticamente todos os meses do ano em seca meteorológica e, no período entre abril e agosto, em seca severa a extrema.

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