76 ENERGIAS RENOVÁVEIS 1 Relatório McKinsey & Company: The Iberian Industry and Energy Transition Initiative - Driving sustainable growth and development in Spain and Portugal. 2 Estudo PEXAPARK “European PPA Market Outlook 2024” Indústria e Transição Energética (IETI)1 destacou a importância da região para se posicionar como um centro crucial para indústrias-chave, impulsionando o PIB regional até 15% e criando cerca de um milhão de empregos. O relatório destaca, também, a posição de liderança de ambos países para se tornarem os fornecedores de energia mais rentável da Europa. Tanto Portugal como Espanha têm, nos seus respetivos Planos Nacionais de Energia e Clima (PNEC), um aumento significativo da capacidade solar e eólica até 2030. Portugal prevê um total de 20,4 GW de capacidade instalada de energia solar, sendo 14,9 GW provenientes de produção centralizada. Para a eólica onshore, a capacidade instalada deverá aumentar de 6,3 GW em 2024 para 10,4 GW até 2030, com a construção de novos parques eólicos e a modernização de infraestruturas existentes. Em Espanha, os planos são de atingir 76 GW de capacidade instalada em solar até 2030, sendo 57GW de geração centralizada. Para a eólica onshore, Espanha prevê 62 GW em capacidade instalada para o final da década. Ambos os países estabeleceram, também, metas ambiciosas, pretendendo alcançar mais de 80% de eletricidade renovável até 2030 e prevendo, de forma semelhante, o aumento substancial na procura por energia nos próximos cinco anos. Portugal passará dos atuais 50 TWh (2024) para 90 TWh em 2030, enquanto Espanha passará de 247 TWh (2024) para 280TWh ao final da década. Contudo, os projetos de energias renováveis enfrentam barreiras ao seu desenvolvimento na região. Além de um processo de licenciamento burocrático e demorado, que pode comprometer a viabilidade de novos contratos e projetos, há a necessidade de modernizar e expandir a rede elétrica para acomodar o aumento da geração renovável. Outra questão relevante são os preços historicamente baixos no mercado spot, que diminuem a rentabilidade a longo prazo destes projetos. Neste contexto, os contratos bilaterais de compra e venda de energia a longo prazo são uma solução, pois garantem maior estabilidade de preços e permitem a viabilização dos projetos. Os PPA são uma forma de proteger tanto os comercializadores de energia de preços baixos e, consequentemente, baixas rentabilidades dos projetos, como os compradores, contra a volatilidade de preços dentro de um contexto geopolítico instável. Essa modalidade de contrato já tem sido utilizada para apoiar um maior desenvolvimento de renováveis em Portugal e Espanha. De acordo com um estudo da PEXAPARK[2], Espanha foi um dos mercados mais ativos em negociações de contratos bilaterais de longo prazo na europa em 2024, com 4.67 GW negociados. Portugal, apesar de ter tido um crescimento mais incipiente, ficou em décimo lugar com um volume de 420MW negociados no mesmo ano. Dessa forma, a criação de um mercado bilateral de compra e venda de energia a longo prazo é tido como estratégico para viabilizar projetos de energias renováveis, atingir os objetivos de Portugal e Espanha e, de forma mais ampla, apoiar as metas estipuladas no Clean Industrial Deal. Esta ferramenta já demonstrou a sua capacidade de apoiar um maior desenvolvimento das energias renováveis e a ambição de desenvolver uma (re)industrialização assente numa maior autonomia energética e descarbonização. n
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