73 FORMAÇÃO NECESSIDADE DE FORMAÇÃO ESPECIALIZADA Esta ligação é fundamental para colmatar a atual necessidade de uma formação e capacitação especializada e adaptada às exigências atuais do setor energético, de forma a assegurar o cumprimento das metas ambiciosas estabelecidas ao nível europeu e nacional. A escassez de talento qualificado é um dos principais desafios identificados no setor e afeta transversalmente áreas técnicas e científicas, mas também áreas complementares como, por exemplo, a jurídica as económicas e de gestão. É igualmente essencial que existam políticas públicas que apoiem e estejam alinhadas com esta necessidade, por forma a promover a retenção de talento em Portugal. Estima-se que, para cumprir as metas definidas pelo plano REPowerEU, sejam necessários mais de 3,5 milhões de empregos adicionais nas energias renováveis até 2030, em comparação com os cerca de 1,8 milhões registados em 2023. Este crescimento representa uma oportunidade extraordinária, mas exige também uma resposta eficaz por parte das instituições de ensino superior e formação técnica profissional. Cursos mais adaptados, programas multidisciplinares e estágios em contexto real de trabalho são apenas algumas das respostas necessárias para preparar os profissionais do futuro. A APREN tem assumido um papel ativo na dinamização desta resposta. Para além do Prémio APREN, destaca- -se a criação do Centro de Formação para a Transição Energética em Vila Nova de Santo André, desenvolvido em parceria com a ADENE e o IEFP. Este centro foi pensado para responder às necessidades de formação técnica e profissional nas áreas da transição energética e da ação climática, reforçando a importância de uma abordagem prática e orientada para as exigências do mercado de trabalho. Complementarmente às suas iniciativas já consolidadas, a APREN integrou recentemente o projeto europeu Shorewinner, aprovado pela Comissão Europeia, que visa o desenvolvimento de competências para profissionais da energia renovável offshore. Com duração prevista de quatro anos (2024–2027), aposta numa abordagem inovadora de ensino e formação vocacional, focada no sul da Europa, promovendo a colaboração entre instituições de ensino e a indústria. Através da criação de ecossistemas locais com base nos Centros de Excelência Vocacional (CoVEs), pretende-se fomentar uma rede sólida de formação técnica de excelência, que inclua programas de estágio, intercâmbios, workshops e seminários alinhados com a dupla transição verde e digital. O projeto tem uma forte componente de cooperação transfronteiriça e regulatória, alinhando-se com as estratégias nacionais e europeias para as renováveis oceânicas, e destaca-se pelo impacto que se prevê em Portugal, tanto ao nível da qualificação da força de trabalho, como da criação de emprego no setor. A participação ativa de entidades nacionais — entre as quais a APREN, a INOVA+, o P. Porto, a EPATV, o FOR-MAR e a Voltalia — é um reflexo do empenho português na consolidação de uma indústria renovável sustentável e competitiva. Iniciativas como estas provam que é possível direcionar a formação e capacitação, tanto ao nível académico como do ensino profissional técnico, às necessidades da transição energética, criando valor não apenas para os profissionais envolvidos, mas para todo o país. Só através de um diálogo constante entre a academia, centros profissionais de excelência e as empresas do setor, é possível consolidar uma boa base que permita identificar lacunas, antecipar tendências e alinhar currículos com as necessidades do mercado. n Estima-se que, para cumprir as metas definidas pelo plano REPowerEU, sejam necessários mais de 3,5 milhões de empregos adicionais nas energias renováveis até 2030
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