BI337 - O Instalador

16 ELETRICIDADE “Ao contrário do que algumas vozes vêm a defender, a solução não é nem a reabertura das centrais a carvão (na prática substituídas pelas centrais a gás), nem a energia nuclear (extremamente cara, de construção demorada, com riscos conhecidos, pouco resiliente face a perturbações, e perpetuadora do modelo de rede assente em mega- -centrais)”, alertou em comunicado Miguel Macias Sequeira, vice-presidente do GEOTA e investigador na Universidade NOVA de Lisboa. Em alternativa, o GEOTA destaca soluções que reúnem consenso entre especialistas: “desde logo, e em primeira prioridade, reduzir significativamente as necessidades através da eficiência energética (algo inscrito há muito nos planos energéticos nacionais, mas na realidade ainda pouco apoiado); promover a flexibilidade da produção e consumo como parte de uma moderna rede inteligente; aumentar de forma racional a capacidade de armazenamento através de baterias; modernizar as redes de transporte; melhorar os sistemas de alerta e de resposta para estabilização da rede”. Reconhece-se ainda “a necessidade de manter operacionais as centrais de ciclo combinado a gás natural, com utilização decrescente, mas ainda relevantes para o equilíbrio do sistema. Esta mudança de paradigma do sistema elétrico obriga a uma reestruturação do funcionamento do mercado de eletricidade”. Neste contexto, o GEOTA reivindica uma maior aposta na eficiência energética, e na produção de energia renovável descentralizada, em autoconsumo e comunidades de energia. Além de todas as outras vantagens ambientais, sociais e económicas, esta abordagem promove a resiliência e segurança do abastecimento de eletricidade em situações de crise. Ainda assim, Miguel Macias Sequeira avisa que “no modelo atual, a grande maioria dos sistemas fotovoltaicos estão acoplados à rede elétrica e desligam-se em caso de apagão”, recomendando que “se pondere a instalação de energia solar com capacidade para operar desconectada da rede elétrica, em algumas localizações críticas, para resposta a estes eventos muito raros, mesmo que tal comporte custos superiores”. CAMINHOS PARA UM SISTEMA ENERGÉTICO MAIS RESILIENTE O apagão de 28 de abril serve como um alerta para a necessidade de modernizar e diversificar as fontes de energia. A integração de tecnologias inteligentes, o fortalecimento das redes de distribuição e a promoção da produção descentralizada são passos cruciais para garantir a segurança energética. Além disso, é fundamental investir em infraestruturas que possam resistir a fenómenos extremos e potenciais ciberataques, assegurando um fornecimento contínuo e confiável para os consumidores. n

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