45 DOSSIER JORNADAS O INSTALADOR secretário-técnico da APIRAC, explicando que o mesmo trouxe novos desafios para a produção de fluídos – gases fluorados – como para os instaladores, com restrições na utilização desses mesmos gases fluorados. O objetivo, esclareceu o representante da APIRAC, é, segundo metas definidas pela Comissão Europeia, chegar a 2050 com quotas de gases fluorados no mercado perto de zero. A novidade, refere Rúben Martins, prende-se com o tipo de equipamentos alocados, nomeadamente os móveis. Ou seja, o Regulamento passou a abranger dois novos grupos de equipamentos: os veículos refrigerados de pequena dimensão – por exemplo, contentores ferroviários – e as unidades de refrigeração de veículos comerciais pesados – as máquinas de agricultura, de exploração mineira, comboios metropolitanos e até as aeronaves também passaram a estar incluídos. Algo que “trouxe novos desafios para a parte de instalação e deteção de fugas”, explica Rúben Martins, que acrescenta que os técnicos têm de estar certificados para estes novos equipamentos. A par disso, o Secretário-Técnico da APIRAC lembra que será necessário o novo Regulamento de Execução “que terá que surgir para acomodar tanto estes novos equipamentos como as novas alternativas aos gases fluorados”, acrescentando que a expetativa é que “este Regulamento de Execução, quando for implementado traga novidades sobre as exigências que vão ser aplicadas às empresas e técnicos, neste âmbito da certificação”. Há ainda um outro pormenor. Este Regulamento de Execução “tem de sair na Comissão Europeia até 12 de março de 2026 e os Estados-membros depois têm um ano para implementar programas de certificação, formação para estes novos fluídos”. No caso de Portugal o país terá de atualizar os seus programas de certificação, formação teórica e prática para as novas exigências. Na pática o novo Regulamento também tem impacto no próprio fabrico dos equipamentos. Rúben Martins dá como exemplo o frigorífico “lá de casa” que, a partir de 2026, já não pode ser fabricado com gases fluorados. O QUE DIZEM OS FABRICANTES Com uma forte componente industrial a Trane começou a preparar-se há já algo tempo. Como explica Pedro Fernandes, coordenador comercial de equipamentos da Trane Portugal, a empresa desde 2016, data em que aderiu ao Compromisso Climático Empresarial, que se está a preparar para esta transição. No decorrer dessa decisão foi criada uma gama de produtos designada de EcoWise™. Ao longo do tempo foi evoluindo e, em 2023, toda a gama está com gases DP de baixo ou ultrabaixo. “Quando falamos de refrigerantes normalmente estamos a associar tecnologias de compressor de parafuso ou levitação magnética”, refere Pedro Fernandes, acrescentando que isso implica os refrigerantes R1234ze, o R513 e o R515 e todos eles estão abaixo do valor que a nova legislação atualmente impõe. “Para chillers com capacidade superior a 12 kW o limite de GWP é 750”, explica Pedro Fernandes. “O novo Regulamento F-Gas procurou reduzir o impacto ambiental da indústria AVAC, nomeadamente no que diz respeito às emissões de CO2”, referiu Gil Jorge, Service Manager na Daikin Portugal, referindo ser essa também a missão da empresa em que trabalha. Mesmo porque em 2016 assinou uma carta de intenção de se tornar neutra em emissões de carbono até 2050. “Estamos, portanto, alinhados com a política de descarbonização da União Europeia”, afirmou, acrescentando que “o caminho de descarbonização da indústria está inevitavelmente associado a alternativas que representam maiores desafios a nível de segurança para os nossos equipamentos”. O executivo lembrou que a Daikin foi pioneira na introdução – há mais de 10 anos – de equipamentos com R32, explicando que o mesmo é um refrigerante maioritariamente utilizado em equipamentos de ar condicionado de baixa e média potência térmica. Gil Jorge refere ainda que na gama residencial – onde a Daikin tem uma maior representatividade – nos sistemas ar-ar do tipo split ou multisplit a quantidade de refrigerante é reduzida, pelo que não foi necessário introduzir grandes alteração aos sistemas de fabrico. Para além das inerentes à adaptação de novos fluídos com características térmicas diferentes, claro. A par disso há que ter em conta que é um fluído ligeiramente inflamável. “O mesmo se aplica aos sistemas compactos ar-água”, refere o Service Manager na Daikin Portugal. Quanto aos sistemas VRV – sistemas com maiores quantidades de fluído e em que o refrigerante passa a circular no interior dos edifícios – aqui a Daikin introduziu alterações significativas. No ano passado a empresa complePedro Fernandes, Coordenador comercial de equipamentos da Trane Portugal.
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