OPINIÃO 77 a dotação global daquela instituição uns impressionantes três mil milhões de euros, e apenas para ajudar a criar o mercado europeu do hidrogénio. Também em África aumenta o interesse pelo hidrogénio verde e podemos dar dois exemplos. O primeiro é uma parceria entre os EUA e a Namíbia, que assinaram em 2022 um memorando de entendimento para o período que termina em 2025 e que tem como objectivos a criação de cadeias de valor sustentáveis para as matérias-primas e hidrogénio verde e que começou a ser implementado em Outubro de 2023. Este pais africano é um dos mais secos e de menor densidade populacional, o que lhe dá as condições óptimas para usar enormes extensões de terras para a produção de hidrogénio verde, gerado a partir de energia solar e eólica. Esta opção tem como vantagens a redução da carbonização da economia da Namíbia e ao mesmo tempo a diminuição da sua dependência energética da África do Sul, que fornece 40% da energia namibiana e que, por sua vez, depende a 80% do carvão. Obviamente a massificação da produção de hidrogénio verde na Namíbia implica vários instrumentos de financiamento, tais como bolsas, empréstimos, fundos, investimento directo, participações societárias, ou agências de crédito a exportação. Um outro passo importante no que respeita ao hidrogénio verde em África é a criação, em Junho de 2023, do Hub Africano de Hidrogénio (AHH), que é uma rede de cooperação, interação e partilha de experiência e conhecimento composta por operadores africanos ou que operam em África em varias actividades e que se destina a potenciar a expansão do hidrogénio verde naquele continente e que conta com 25 países. A título de curiosidade e com aplicações mais imediatas, o mercado automóvel de pesados e ligeiros já começa a oferecer este tipo de veículos. Por exemplo, na Austrália a Pure Hydrogen, empresa que se dedica a venda de hidrogénio e de veículos alimentados a hidrogénio, colocou no mercado um camião deste tipo capaz de transportar até 70 toneladas e com autonomia entre os 400 e os 600 quilómetros, com uma potencia de 220 KW. Na Europa a BMW, por exemplo, está a preparar a apresentação em 2024 do concept car iX5 Hydrogen. Em Portugal já se pode comprar carros alimentados por células de hidrogénio, como por exemplo o Toyota Mirai com preços entre os 69.000 e os 77.000 euros e com autonomia de 650 kms, o Hyundai Nexo com autonomia de 665 kms e que custa 75.499 euros ou o Honda FCV, que custa 65 mil euros e com uma autonomia de 600 kms. Com tudo isto, o hidrogénio verde conhecerá certamente em 2024 um impulso mais do que significativo. n
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