BI323 - O Instalador

OPINIÃO 76 Este novo conceito é uma evolução do STCH (solar thermochemical hydrogen ou em português hidrogénio solar térmico-químico). Este avanço é muito importante porque aumenta a descarbonização e diminui os gases de estufa. Ao mesmo tempo é mais um passo para tornar a produção de hidrogénio atrativa do ponto de vista comercial porque prevê-se que o hidrogénio produzido assim tenha um custo de dois dólares e quarenta por quilo, o que representa uma redução muito significativa quando comparada com os preços actuais. Recorde-se que o hidrogénio pode ser usado para alimentar autocarros, camiões, navios e aviões com uma emissão de gases de estufa muitíssimo menor do que usando outras fontes energéticas. Um dos problemas do hidrogénio é a sua natureza muito leve e volátil, o que condiciona em muito o seu armazenamento e transporte, pois os procedimentos actualmente disponíveis são muito caros e usam energia de forma muito intensa, o que obviamente acaba por reflectir-se no preço final do produto. Contudo esse problema pode estar em vias de ser resolvido graças ao contributo de uma start-up norte-americana, H2MOF. Esta empresa da Califórnia, planeia começar a vender já em 2024 tanques para armazenar e transportar hidrogénio feitos de nanomateriais, os quais permitem que o produto seja guardado e transportado a baixa pressão. Estes tanques são funcionalmente equivalentes aos depósitos de combustível dos veículos a combustão e nesta fase estão mais vocacionados para serem instalados em viaturas pesadas e navios. Tem a vantagem dupla de diminuir os custos energéticos de veículos a hidrogénio, que neste momento usam uma espécie de células de combustível, e de não aumentar o peso dos veículos. A Administração Biden apoia a produção de hidrogénio com um pacote financeiro de sete mil milhões de dólares, a serem investidos na criação de uma rede de hubs para a produção de energia acompanhado de um crédito fiscal de até três dólares por cada quilo de hidrogénio livre de CO2. Ainda no continente americano, mas no Brasil, a Eletrobras, que é a maior empresa do ramo da América Latina, vai começar a usar a sua rede de mais de 30 barragens hidro-electricas para permitir que os seus clientes de grande volume e dimensão usem uma fonte energética estável, a fim de poderem, eles próprios, gerar hidrogénio verde e “e-cels” a preços competitivos. Está já em funcionamento uma unidade piloto em Minas Gerais vocacionada especificamente para a produção de hidrogénio verde. A Eletrobras prevê que a curto prazo alcance a capacidade de produzir 10 GW de hidrogénio verde. Mas o interesse pelo hidrogénio não se limita à América porque também a Europa e a África apostam no seu desenvolvimento. Os Países Baixos e a Alemanha assinaram, em Novembro de 2023, uma declaração conjunta de intenção para colaborarem no campo das infraestruturas do hidrogénio e criar um ecossistema transfronteiriço para aquela fonte energética. A ideia é construir quatro interconectores transfronteiriços que se prevê estarem operacionais em 2032 e no qual cada um daqueles estados prevê investir 300 milhões de euros, sendo o objectivo final a interligação entre as duas redes nacionais de hidrogénio. Em paralelo, será também criado, mediante a colaboração de vários portos europeus, um corredor intra- -europeu para hidrogénio produzido a partir de fontes renováveis. O recém-criado Banco Europeu para o Hidrogénio é uma peça charneira em todo este processo, pois tem uma dotação de 800 milhões de euros para o primeiro leilão europeu de hidrogénio verde, a realizar no final de 2023 sendo

RkJQdWJsaXNoZXIy Njg1MjYx