70 DOSSIER SMART CITIES da visibilidade à noite e desperdício de energia“. Mas não é só. Aliás, os seus maiores impactos, são as implicações na saúde, a perda de valores naturais e históricos, as alterações no meio ambiente e vida selvagem e, claro está, o desperdício de recursos. Efeitos que têm vindo a ser referidos pela comunidade médica, com alertas constantes e fomentação de debates sobre os impactos da excessiva exposição à luz artificial nos seres humanos, com alterações do ritmo circadiano e com consequências graves na saúde, por via da alteração dos biomarcadores hormonais. A tudo isto, somam-se os fenómenos de encandeamento, a luz intrusiva, através das janelas dos edifícios, que afeta sobretudo os mais idosos ou pessoas com problemas oculares, como são os casos de cataratas, glaucomas ou a simples miose (contração permanente das pupilas) senil. Sobre o encandeamento, refira-se que não é mais que o excesso de luz na direção errada (ângulo de visão), é luminância, é brilho e tem duas vertentes: O encandeamento desconfortável, que é definido como a sensação desconfortável ou mesmo dolorosa que pode ser provocada por uma fonte de luz brilhante no campo de visão e o encandeamento incapacitante, normalmente apelidado de incremento limiar, definido como a redução da visibilidade, que causa uma fonte de luz brilhante, devido à dispersão de luz no olho e que reduz o contraste de luminância aparente dos objetos, no campo de visão. A luz dispersa no olho, estabelece um véu luminoso sobre a imagem da retina, reduzindo a acuidade visual. O encandeamento e a luz intrusiva são assim, dois conceitos intrinsecamente ligados à poluição luminosa. São dois fenómenos associados à iluminação artificial e motivo de críticas aos LEDs. Na iluminação pública, o encandeamento nas suas duas vertentes, é impossível de anular, mas pode ser minimizado através do design da luminária e das opções do projeto. Note-se que atualmente, um cidadão passa em média, 93% de seu tempo sem exposição ao sol, dentro de edifícios ou em transportes, e na maioria das vezes, bastante exposto à luz artificial, sendo que a composição espectral da mesma é muito diferente da luz solar. Mas o problema é que essa exposição não se esgota na iluminação artificial dos edifícios ou na iluminação pública, e está também presente nos tablets, computadores, mupis, televisões e outros aparelhos eletrónicos. Vista de Londres, à noite, a parir do céu. Fonte Dark Sky Org.
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