60 DOSSIER SMART CITIES O desafio das Smart Cities em Portugal Esta evolução representa uma mudança significativa na forma como vivemos e interagimos nas cidades, mas também revela ser uma via promissora para a requalificação das áreas urbanas, transformação digital e, consequentemente, uma melhoria substancial na qualidade de vida dos cidadãos. Jorge Balsemão, Senior Board Advisor no Grupo SOTECNISOL Num mundo cada vez mais conectado e tecnologicamente avançado, o conceito Smart Cities emerge como uma oportunidade imperativa para a redefinição do espaço urbano em Portugal. Esta evolução representa uma mudança significativa na forma como vivemos e interagimos nas cidades, mas também revela ser uma via promissora para a requalificação das áreas urbanas, transformação digital e, consequentemente, uma melhoria substancial na qualidade de vida dos cidadãos. Como podemos constatar, o cenário atual no mercado português reflete uma crescente onda de inovação e tecnologia, proporcionando um momento único para humanizar as nossas cidades, adaptando-as às necessidades contemporâneas, drasticamente diferentes daquelas que definiram as bases urbanas há algumas décadas. Contudo, ao compararmos Portugal com os líderes globais neste domínio, como Amesterdão ou Copenhaga, torna-se evidente que ainda estamos numa fase muito inicial. Não obstante, já se verificam esforços notáveis em municípios como Aveiro, Cascais, Oeiras, Famalicão, entre outros, que implementam diversas iniciativas, desde plataformas integradoras de informação até à monitorização ambiental e gestão eficiente dos serviços urbanos. Para que Portugal se torne mais competitivo nesta corrida pela cidade inteligente, é imperativo impulsionar o desenvolvimento das cidades. Este impulso traduz-se em ganhos tangíveis no quotidiano dos cidadãos, seja pela redução dos tempos de mobilidade, diminuição de custos operacionais como energia e água, ou pela maior acessibilidade à informação crucial para a gestão diária. Mas há ainda um longo caminho a percorrer. É fundamental haver um plano estratégico para as Smart Cities, e a verdade é que se trata de algo prometido há algum tempo, mas ainda sem resultado. Faz todo o sentido ter uma comissão central, independente, para ajudar na integração dos vários projetos de Smart Cities ao longo do país. A título de exemplo, os vários municípios deveriam ter maior aproximação aos vários projetos em curso, por forma a que todos possam aproveitar os investimentos em I&D e evitar multiplicação de custos desnecessários. Por outro lado, a adaptação dos regulamentos de construção às exigências contemporâneas, assegurando eficiências energéticas e infraestruturas de mobilidade elétrica, são passos essenciais que Portugal deve dar, inspirando-se em exemplos de sucesso noutros países, como é o caso da Dinamarca ou dos Países Baixos, aproveitando e adaptando algumas boas práticas já existentes. Por parte do Governo, há espaço para melhorias significativas. É necessário um plano diretor abrangente para coordenar o desenvolvimento das Smart Cities, envolvendo todas as partes interessadas. Incentivos mais robustos, especialmente para municípios com dificuldades orçamentais, são fundamentais para promover iniciativas destacadas e acelerar o processo de transformação. Além disso, a descentralização e simplificação dos processos de licenciamento são vitais para garantir avanços rápidos. Seja na construção, energia renovável ou mobilidade elétrica, a eliminação de burocracias excessivas permitirá um progresso mais eficaz. É inegável que as Smart Cities representam uma oportunidade única para Portugal redefinir o seu espaço urbano, impulsionar a inovação e melhorar a qualidade de vida. A urgência de ação é clara, e é imperativo que o governo, municípios e empresas colaborem ativamente para posicionar Portugal como líder na revolução das cidades inteligentes. n
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