65 RENOVÁVEIS | HIDROGÉNIO procura pelos principais operadores marítimos e aéreos internacionais se prevê crescente. Desta forma, acreditamos ser possível capitalizar a posição geográfica estratégica das Regiões Autónomas para potenciar a descarbonização do setor dos transportes terrestres, marítimos e aéreos, impulsionando localmente o desenvolvimento de uma economia de baixo carbono, aliada à criação de riqueza e geração de emprego. Assim, existe a possibilidade de ponderar: • a produção de metanol pela captura de CO2 para utilização no setor marítimo inter-ilhas, aliado à criação de infraestruturas de abastecimento que permitam o abastecimento de navios transatlânticos ou mesmo a exportação/importação; • a conversão ou substituição de parte dos grupos térmicos existentes para a produção de eletricidade, para que estes possam recorrer, também, ao metanol, em vez de usar fuelóleo ou gasóleo, como acontece atualmente, conversão esta já testada e comprovada em navios de grande dimensão; • a utilização de hidrogénio verde para produção de SAF’s poderia contribuir, de forma consistente, para a descarbonização do setor da aviação, suprindo parcialmente o consumo de hidrocarbonetos nos voos inter-ilhas, bem como assegurando uma porção de combustíveis renováveis e endógenos ao consumo dos voos pendulares para os destinos nacionais e internacionais. A proliferação de tecnologias que recorrem a fontes endógenas de origem renovável, potenciando estratégias complementares de descarbonização da economia, contribuirá certamente, após a respetiva análise de viabilidade económica e de escala, para a aceleração das metas de descarbonização, reduzindo as emissões de GEE, pela utilização racional e sinérgica dos recursos que a idiossincrasia geográfica nos aporta. Neste contexto, o desenvolvimento de políticas públicas energéticas, direcionadas a projetos integrados, promovendo a utilização de recursos endógenos e dinamizando cadeias de valor na economia das ilhas, revela-se um processo fundamental e estratégico no planeamento da política energética das Regiões Autónomas, em linha com a política energética Ilha de São Miguel, Açores. Foto: BigBlue Adventures. que tem vindo a ser desenvolvida pelo Governo da República Portuguesa. Portugal tem procurado ser pioneiro a capitalizar os recursos endógenos que possui, desenvolvendo nos últimos anos um conjunto de políticas públicas direcionadas à penetração de fontes renováveis de energia, com vista à neutralidade carbónica da economia. Na fase de operacionalização, estes investimentos permitem associar objetivos de natureza tecnológica e ambiental do setor energético às pretensões de desenvolvimento económico dos arquipélagos, que abrangem a fixação de pessoas e a criação de competências, respeitando a natureza pela implementação de políticas sustentáveis, e no limite, potenciando a exportação de conhecimento. Emúltimaanálise, adescarbonizaçãodas RegiõesAutónomas poderápossibilitar o desenvolvimentode projetos inovadores eposicionar os arquipélagos como espaços privilegiados para o testede soluções pioneiras e disruptivas no setor energético, que associem o desenvolvimento económico à transição energética sustentável, segura e justa, pilares do ‘trilema energético’ hámuito propugnado pelo World Energy Council. n
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