BI302 - O Instalador

70 RENOVÁVEIS | EÓLICA De facto, estas situações foram ana- lisadas pela APREN, sob diferentes cenários de reequipamento, para uma central eólica atualmente emoperação. Perante uma manutenção da potên- cia instalada e redução do número de turbinas de cinco para três 6 , projeta- -se um aumento da produção anual em 10%. Já para uma manutenção do número de turbinas, projeta-se uma quase duplicação da produção anual de eletricidade. Ressalva-se que na presente análise de substituição das turbinas foram consideras as cur- vas de potência dos fabricantes das turbinas existentes e das novas tur- binas, com estimativa de um fator de ajuste ao local e extrapolação em altura, para a altura da nova turbina, não tendo sido efetuada qualquer análise ao nível do microposicio- namento das turbinas. Para além disso, sublinha-se que para centrais mais antigas, com tecnologias anteriores e potências nomi- nais inferiores, o impacto do reequipamento seria ainda mais acentuado. Em Portugal, apenas três centrais foramalvo de reequipamento, após um período temporal de operação que variou entre os 11 e os 19 anos. Já o PNEC 2030 aponta esta via 1 Fonte: Estatísticas Rápidas DGEG, valor referente a final de 2020 2 Considerando a normalização da Diretiva 2009/28/CE. Fonte: Estatísticas Rápidas DGEG, valor referente a final de 2020 3 Fonte: REN21, Global Status Report 2021 4 Extensão de vida útil - substituição de alguns conjuntos mecânicos, geradores e, por vezes, pás, que se encontrem danificados, mantendo a torre existente 5 Note-se, no entanto, que a amostra de centrais acima dos 17 anos é substancialmente mais reduzida, correspondente a cerca de 5% da capacidade instalada no portfolio de Associados APREN 6 Turbinas existentes com potência nominal de 2,0 MW, e novas turbinas com potência nominal de 3,4 MW, seleciona- das em linha com as últimas instalações verificadas em Portugal. Note-se que estão já disponíveis em mercado turbi- nas com potência nominal bastante superior. como a principal para a concretização das metas 2030. Contudo, os objetivos do setor não são passíveis de serem cumpridos semque o reequipamento inclua a possibilidade do aumento real da capacidade instalada da cen- tral existente a par com o aumento da potência de injeção. De acordo com a atual legislação o aumento de potência das turbinas é considerado uma alteração substancial ao projeto, para além de atualmente não existir enquadramento legal e remunerató- rio, senão o sobreequipamento, que permite apenas o aumento de 20 % da potência instalada e é limitado à potência do ponto de injeção. Posto isto, é improvável que algumpromotor coloque em risco o seu atual enquadra- mento regulatório semuma perspetiva clara de um mecanismo que asse- gure a estabilidade e previsibilidade do equilíbrio económico-financeiro de novos investimentos e que não salvaguarde uma combinação de regimes remuneratórios estáveis. Para tal, é necessário adaptar o atual enquadramento regulatório às novas necessidades do setor, criando solu- ções de remuneração adequadas e que incentivem os produtores a con- tinuarem a investir. Para além disso, outros obstáculos devem ser ultrapassados. Um real aproveitamento do potencial do reequipamento só é alcançado se a RESP assimo permitir, nomeadamente, implicará a necessidade de avaliar caso a caso a necessidade de reforço do ponto de ligação de forma a per- mitir uma maior injeção de potência. O licenciamento é outro dos pontos a ser considerado. Este permanece um processo moroso e complexo, mesmo para reequipamentos, para os quais deverão ser adotados procedimen- tos simplificados, de acordo com o estipulado na Diretiva das Energias Renováveis (RED II). Posto isto, e aproveitando a janela de oportunidade que representa esta fase de transposição da legislação europeia, é agora, mais que nunca crucial que sejam criados os alicerces regulatórios e técnicos para viabilizar esta solu- ção, pois o potencial subaproveitado é imenso, e o seu aproveitamento é chave para alcançar os ambi- ciosos objetivos para esta década. n

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