BI302 - O Instalador
69 RENOVÁVEIS | EÓLICA tarifas fixas, o que provocou o congela- mento de novos investimentos. A par com esta realidade, verificou-se uma ausência de enquadramento regu- latório e de uma estratégia para a implementação de soluções essen- ciais ao desenvolvimento do setor eólico, que se repercutiu nummaior risco de investimento no setor, com consequências negativas ao nível do aumento dos custos de capital e de financiamento e na redução das maturidades dos mesmos. Tendo esta última década emperspe- tiva, o setor eólico não teve grandes desenvolvimentos, apesar de constituir ainda uma peça-chave na estratégia de descarbonização do Governo. Em 2020, foram instalados apenas 43 MW de nova potência, umacréscimomuito reduzido, considerando que o País quer ver instalados, nomínimo, 9,3 GW de eólica até 2030, com 9,0 GW insta- lados em terra (onshore), e 300 MW instalados ao largo (offshore), isto sem contar com a potência eólica neces- sária à implementação da Estratégia Nacional para o Hidrogénio (EN-H2), ou mesmo uma possível revi- são das metas nacionais para alinhamento com o novo pacote Europeu Fit for 55. O cumprimento das metas previstas no PNEC 2030 vai exigir a instalação de, no mínimo, um adicional de potência onshore equivalente a 3,5 GW em menos de uma década. Para além disso, existe ainda um ponto crucial que não pode cair em esquecimento: o atual port- fólio dos aerogeradores não é eterno, tendo uma esperança média de vida de 20 anos. A frota eólica nacional tem hoje, em média, cerca de 12 anos de idade, situa- ção que coloca um desafio acrescido para o setor, uma vez que até 2030 já se prevê o fim de vida de mais de 2 000 turbinas eólicas - o correspondente a cerca de 4,2 GW, mais de metade da atual capacidade instalada em Portugal. Se estas turbinas forem de facto desativadas aos 20 anos e não forem sujeitas a extensão de vida útil 4 , para além dos 3,5 GW de capa- cidade adicional para cumprimento das metas do PNEC 2030, estes 4,2 GW terão também que ser cobertos ou por novas centrais ou por substi- tuição das existentes, com recurso ao reequipamento. E este não é o único tema a ter em consideração, pois está já mais do que empiricamente comprovado que existe umdecaimento da produção eólica ao longo do tempo, resul- tando em menos horas de ope- ração à potência nominal. De facto, considerando 96% da capacidade instalada em Portugal, equivalente ao portfolio de Associados da APREN, foi avaliado o impacto da idade das centrais ao nível do decaimentomédio da produção. Verificou-se que, entre o primeiro e o vigésimo anos de idade de operação das centrais, o número médio de horas equivalentes à potên- cia nominal reduziu emmédia cerca de 24%, sendo a taxa de decaimento muito mais acentuada após os 17 anos de operação 5 . Este impacto na pro- dução é particularmente relevante, já que o alcance das metas oficiais é medido com base na produção, e não na capacidade. É sob este panorama que se salienta a importância e potencialidades do reequipamento (repowering) das cen- trais existentes. Esta solução permite a otimização do layout das centrais, recorrendo a turbinas de maior potência nominal e mais eficientes. Isto significa que para uma mesma capacidade instalada é possível reduzir o número de turbinas numa central, ou que para ummesmo número de turbinas, a potência instalada pode aumentar substancialmente, sem que tal se repercuta em impactes ambientais significativos. Note-se, no entanto, que uma intervenção de reequipamento exige a alteração ao posicionamento das turbinas, e que a inclusão de turbinas maiores impõe exigências acrescidas ao nível do espaçamento entre as mesmas, o que poderá resultar em alterações à área de instalação da central. A frota eólica nacional tem hoje, em média, cerca de 12 anos de idade, situação que coloca um desafio acrescido para o setor, uma vez que até 2030 já se prevê o fim de vida de mais de 2 000 turbinas eólicas - o correspondente a cerca de 4,2 GW, mais de metade da atual capacidade instalada em Portugal
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