BI301 - O Instalador
62 RENOVÁVEIS | CLIMA cional. Note-se que o documento do IPCC deve servir de alerta para que a transição energética se centre numa utilizaçãomais responsável, consciente e eficiente da energia e dos recursos que consumimos. Destemodo, é essen- cial a aposta na complementaridade das tecnologias, por forma a garantir a segurança do abastecimento ener- gético, sendo expectável um reforço do investimento em armazenamento energético e nas interligações elétri- cas entre países. Os FEL.PT consideram que o alerta do IPCC deve atuar como um apelo ao diálogo sobre a restruturação das políticas públicas no plano da futura matriz do sistema energético mundial, que terá de garantir o equilíbrio entre os três pilares estratégicos da energia: 1) segurança energética 2) equidade 3) sustentabilidade ambiental. Para isso terá de fomentar não só a disponi- bilidade de energia, a acessibilidade económica e a descarbonização da produção de energia, mas tam- bém a promoção do aumento da eficiência energética. Particularizando a analise para Portugal, devemos referir que o ‘Plano Nacional de Energia e Clima para 2030’ e o ‘Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050’ fornecem uma visão abrangente a longo prazo para a des- carbonização do setor energético, continuando a dar prioridade à efi- ciência energética, apresentando um novo limite máximo no consumo de energia primária em 2030, equivalente a uma redução de 35% em relação ao ano 2005, juntamente com o reforço do investimento em energias renová- veis, introduzindo a meta de 80% para produção de eletricidade até 2030. Estas políticas contribuirão para reduzir a dependência energética nacional para 65% até 2030 e para menos de 20% em 2050, aumentando os níveis da segurança de abastecimento e a diversificação das fontes energéticas em Portugal nos próximos anos. Um passo significativo foi a decisão de encerrar definitivamente as centrais elétricas alimentadas a carvão em2021, medida que não seria possível sem antes se ter constituído um contexto favorável. Os progressos alcançados na segurança de abastecimento e na sustentabilidade energética devem-se, principalmente, à promoção da utiliza- ção de fontes renováveis endógenas, à redução do consumo de combustí- veis fósseis e a medidas de eficiência energética, designadamente, nos pro- cessos industriais e na eletrificação do transporte rodoviário. Com a intenção de alcançar a neutra- lidade de carbono até 2050, Portugal delineou objetivos ambiciosos des- tacando-se, mais recentemente, a ‘Estratégia Nacional para o Hidrogénio’ que estabelece como objetivo cobrir parte da procura energética comhidro- génio produzido a partir de energias renováveis já em 2030, com a sua utilização na indústria, navegação marítima, transporte rodoviário, e a injeção entre 10 a 15% de hidrogé- nio verde na rede de gás natural. A Estratégia delineia um plano para a implementação de 2,0 a 2,5 GW de capacidade para a eletrólise neces- sária para a produção de hidrogénio. Juntamente com a produção de ener- gia, o setor dos transportes é um dos principais emissores de gases com efeito de estufa (GHG), tendo repre- sentado cerca de 25% das emissões totais em 2019, embora 25,8%menos em volume do que os valores de 2005. Portugal irá prosseguir na descarbo- nização da mobilidade, promovendo os transportes públicos, os veículos elétricos e a adoção de biocom- bustíveis avançados e hidrogénio. A implementação de tais medidas e polí- ticas traduzir-se-á numa oportunidade única para promover a economia por- tuguesa, com novos investimentos e criação de emprego. Como resultado da crise social e eco- nómica pandémica da Covid-19, tem existido um aumento da consciência social em torno do setor energético e do reconhecimento da necessidade de humanizar a transição energética. Por exemplo, durante este período pandémico, foi definido que o forne- cimento de energia não seria cortado em caso algum. Esta medida social, implementada para prevenir a pobreza energética, é atualmente mantida em vigor para os consumidores de baixos rendimentos. Em suma, o esforço global para atin- gir a neutralidade carbónica não deve centrar-se apenas nas políticas, pese embora a sua relevância, mas, mais profundamente, numamudança cultu- ral. Os FEL.PT acreditamque o sucesso desta transição apenas será possível com um compromisso amplo e cons- ciente da sociedade civil e das suas instituições, visando um desenvolvi- mento socioeconómico sustentável. Os FEL.PT reiteramo seu compromisso em trazer estas temáticas a debate para que a descarbonização da eco- nomia seja executada de forma mais responsável e informada. n
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