BI300 - O Instalador
83 RENOVÁVEIS: BIOMASSA | ESPECIAL EXPOBIOMASA rio avaliar o balanço energético de toda a cadeia de valor (recolha, pro- cessamento e conversão de energia). É fundamental, portanto, uma correta e rigorosa valorização económica da biomassa, no sentido de promover uma melhor sustentabilidade. A BIOMASSA NA TRANSIÇÃO ENERGÉTICA De acordo com dados da Agência Internacional de Energia, a biomassa representou mundialmente, em 2019, cerca de 10% de todo o consumo de energia primária, sendo a quarta prin- cipal fonte de energia e a maior entre as renováveis. Contudo, a sua margem de crescimento é menor que as res- tantes renováveis, uma vez que está já amplamente explorada, tendo sido a primeira forma de energia dominada pela humanidade. Os desaf ios da próxima década assentam, sobretudo, num melhor aproveitamento dos recursos naturais, commelhores técnicas de exploração e processos de conversão energética mais eficientes em toda a cadeia de valor, e ainda na valorização dos resí- duos. Neste último aspeto, há potencial de aproveitamento de resíduos sólidos urbanos, atualmente ainda encami- nhados para aterros, ou produção de biogás a partir de ETAR’s municipais e industriais. A biomassa tem uma dimensão apreciável no mix energético nacio- nal, alavancada pelas Indústrias da fileira florestal, nomeadamente pelas cadeias de valor associadas à gestão e limpeza florestal e agrícola, ou subpro- dutos industriais. Sendo estas cadeias de valor transversais a vários setores, os sucessos alcançados em matéria energética são muitas vezes fruto de iniciativas de cooperação e boa rela- ção, condição estrutural na garantia da sustentabilidade ambiental de todos os processos. Emconclusão, embora a biomassa não seja a opção decisiva na transição ener- gética e descarbonização do sector, continuará a dar um bom contributo ao mix nacional, em complemento às outras renováveis ditas intermitentes, tendo assim um papel cada vez mais relevante na segurança e estabilidade dos sistemas energéticos. n A valorização energética da biomassa alavanca a limpeza da floresta. Saiba mais: https://produtoresflorestais.pt. Os sucessos alcançados em matéria energética são, muitas vezes, fruto de iniciativas de cooperação e boa relação, condição estrutural na garantia da sustentabilidade ambiental de todos os processos A QUALIDADE COMO FATOR DE SUSTENTABILIDADE Há três indicadores-base para analisar a qualidade da biomassa: o primeiro é o poder calorífico que é intrínseco ao próprio material (quantidade de ener- gia libertada por unidade de massa). Os outros dois, humidade e inertes, são, em grande medida dependen- tes de fatores externos ao material e é onde se pode e deve investir maior esforço para melhoria da qualidade. No caso dos inertes, que podem ser areias, metais ou outros contaminantes, as consequências refletem-se essen- cialmente nos custos de exploração, mais do que na performance energé- tica. São causadores da degradação prematura de equipamentos, disfun- ções ou paragens das instalações, entre outros. As soluções para mitigar este desperdício passam pelo uso de téc- nicas e maquinaria adequadas. Por outro lado, a humidade afeta for- temente o poder calorífico “tal qual” da biomassa, quer pela representa- tividade mássica da água em si, quer pela energia que será desperdiçada para evaporar essa água durante a combustão (p. ex. 1ton de biomassa residual florestal com H=40% tem mais 50% de conteúdo energético que uma biomassa equivalente com H=55%). A humidade pode ser intrín- seca, isto é, quimicamente ligada aos constituintes da madeira, ou livre, cujo teor depende das condições clima- téricas e técnicas aplicadas durante a colheita e armazenagem. Assim, a performance energética da biomassa está altamente dependente da forma como esta é explorada e processada, sendo sempre necessá-
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