BI297 - O Instalador

ENTREVISTA | AXPO PORTUGAL 77 empresarial português. As empresas estão fragilizadas, encon- tram-se na defensiva e procuram investimentos estáveis que gerem cash flows previsionais. A principal dificuldade das empresas para iniciarem o seu processo de descar- bonização é a falta de capacidade de financiamento. O investimento emmedidas de eficiência otimiza o consumo energético, evitam desperdícios e levam a uma redução de custos e uma maior rentabilidade. Num período que colocou novos desafios às empresas, a Axpo lançou uma série de medidas de apoio às PME’s, ao criar linhas de cré- dito, ao financiar projetos de eficiência energética a 100% ou, no caso de novos clientes, na isenção do pagamento correspondente aos três primeiros meses de fornecimento, sendo este depois faseado nos restantes 12 meses. Ainda assim, o setor tem-se caraterizado por um forte dinamismo resultado das estratégias europeias e nacio- nais, na maior participação das energias renováveis na matriz energética, do empenho das empresas em faze- rem a transição energética do seu modelo de negócio e pelo aparecimento de uma sociedade consciente da sustentabilidade. Em Portugal, temos de dar prioridade ao investimento em novos parques eólicos e solares, nas redes de energia e no incentivo e mudança de compor- tamento na adoção de fontes de energia renovável. Quais são as fontes renováveis que podemajudar mais nessa linha de aposta europeia e nacional? Quais as mais maduras e aquelas que demorarãomais tempo? Emprimeiro lugar, quando falamos de energia emPortugal, não podemos esquecer os nossos vizinhos espanhóis, pois o mercado é ibérico. As estratégias europeias e nacionais têm metas muito ambiciosas para as energias renová- veis, que aumentam, ano após ano, o seu contributo ao mix energético ibérico. Este contributo será ainda maior aquando a incorporação de tecnologias de armazena- mento que permitam uma maior integração das energias renováveis. A energia fotovoltaica, a eólica e o hidrogénio verde são apontadas como sendo os possíveis motores no processo de descarbonização. Do pouco que presen- ciámos em 2021, acrescentaríamos também o contributo da energia hidráulica. HIDROGÉNIO No que respeita ao hidrogénio, emque Portugal tem apoiado muito a sua penetração no mercado portu- guês, que desafios e constrangimentos vê? O potencial de Portugal reside sobretudo nos custos de produção, sendo que estes são dos mais baixos face aos restantes países europeus. A sua capacidade de produ- ção de energia renovável, mais concretamente a energia solar, será uma vantagem para a produção de hidrogénio e verde e distanciar-se do designado hidrogénio cinza. Por outro lado, a sua localização geográfica proporciona uma grande vantagem para a exportação de hidrogénio. O desafio que Portugal enfrenta é comum ao dos restan- tes países. Sem um sistema de certificação regulado, não se pode realizar a comercialização do hidrogénio, uma vez que não se consegue aferir com certeza se estamos perante hidrogénio verde ou hidrogénio cinza. Salientamos ainda que apesar de o hidrogénio ter um menor custo de produção e impostos, a sua produção não será eficaz e rentável se os respetivos governos não proporcionarem subsídios e incentivos. Por fim, fale-me um pouco dos objetivos da Axpo para 2021. Constatamos que um dos principais problemas para a recuperação económica dos nossos clientes reside na instabilidade dos mercados energéticos que irá dificul- tar a tomada de decisões estratégicas. Por este motivo, o principal objetivo da Axpo, será oferecer aos seus clien- tes produtos de longo prazo com condições económicas vantajosas que lhes permitam enfrentar a recuperação com preços de energia estáveis e baixos. n

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