LATICÍNIOS EM PORTUGAL 40 à resolução de problemas, à eliminação de barreiras, à otimização dos processos e dos fluxos dos produtos e, muitas das vezes, percussora de inovação. O atual parque industrial de laticínios, fruto de iniciativas puramente empresariais ou impulsionadas pelas novas exigências legais e de mercado, resulta dos significativos investimentos realizados nos últimos anos, não apenas ao nível da transformação, mas também em áreas como a qualidade, o ambiente, a logística e a informação. Mais que um plano de modernização da indústria, fazem falta a ‘desburocratização’ e agilização de apoios que permitam uma maior disponibilidade financeira para fazer face a novos investimentos, nas diferentes áreas tecnológicas. No atual momento, é de realçar todo o trabalho que será necessário para continuar a evoluir ao nível das energias mais limpas, da descarbonização e da transformação digital. Portugal não é umpaís exportador emmatéria de laticínios. Porquê? E o que propõe a ANIL nesta matéria? Na verdade Portugal não é um país exportador em termos lácteos. Julgo que este facto radica na nossa dimensão e no pouco grau de diferenciação. Por força da nossa geografia, o nosso principal mercado de destino, o mercado espanhol, e a diferenciação está aqui referida, pois para este mercado é exportado maioritariamente leite a granel. Depois, é necessário referir que a maior parte das empresas é de pequena ou média dimensão, dificultando este facto o processo de acesso aos mercados internacionais, desde logo na avaliação do mercado e do processo negocial, bem como da área da distribuição e da logística. Neste capítulo, é determinante a ação do Governo na agilização das exportações, delineando com e para o setor uma estratégia de internacionalização, atuando muito especialmente na concentração de esforços na elaboração de Missões, Feiras e outras ações de divulgação e promoção de Produtos Lácteos, na aposta de ações de cooperação, na promoção da redução de custos de transporte e de fretes… “AÇORES REPRESENTA, EM VOLUME, CERCA DE 35% DA PRODUÇÃO DE LEITE NACIONAL” Os Açores são, provavelmente, a regiãomais importante no que toca à produção. Emmatéria de exportação, o cenário é o mesmo? A região Autónoma dos Açores representa, em volume, cerca de 35% da produção de leite nacional. Em termos de produtos lácteos transformados, foram produzidas na RAA 20% da produção nacional (197mil toneladas). Em termos de exportações, a Região exporta 10% do volume dos produtos aí produzidos para o mercado da União Europeia e 1% para Países Terceiros. 75% dos produtos produzidos nos Açores têm como destino o território continental. Considera que tem feito falta umcompromisso nacional e comprometedor da fileira láctea em Portugal em torno dos desafios e problemas do setor? Não propriamente. Existem já instrumentos de autorregulação desenhados com a finalidade para potenciar a evolução positiva nas relações entre agentes económicos. Instrumentos com o objetivo de assegurar o fundamental e desejável equilíbrio e cooperação entre as partes, não apenas em defesa dos seus interesses, mas também em defesa dos interesses dos consumidores. Fale-me umpouco do trabalho da ANIL e de que forma têm ajudado os vossos associados. Desde que integrei a ANIL, continuo a sentir que o trabalho é de aprendizagem e atenção diária aos temas de interesse para os associados e para o setor. É um trabalho de entrega, representação e defesa do setor do leite e dos produtos lácteos junto das mais diversas entidades e nos mais variados fóruns. A ajuda aos associados faz-se de diversas formas, desde a preparação de informação económica, à difusão de informação legal e técnica, bem como à defesa que questões de fundo para todo o setor, pela preparação de dossiers ou tomadas de posição específicas. Na ANIL promovemos também a algumas ações de formação específicas e direcionadas ao setor bem como realizamos desde 2009 o Concurso Queijos de Portugal. Por fim, que mensagem gostaria de deixar ao setor e que desafios futuros estão por cumprir? Primeiramente, e neste contexto da incerteza que persiste em ficar, é bom pensar que momentos de grande ‘turbulência’ são geradores de mudanças e desafios, venham eles das mais diversas vertentes das políticas, económicas, da saúde ou das relações comerciais, mas por certo o caminho necessita ser encarado com otimismo, confiança e um certo atrevimento. No que diz respeito à indústria de laticínios nacional muitos são os desafios de futuro, manteremos sempre muita atenção para o evoluir das relações com os elos da fileira a montante e a jusante; é necessário encarar os desafios que nos são propostos pelas políticas comunitárias e nacionais relacionadas com a sustentabilidade e economia circular, a descarbonização e a digitalização. Um sentido maior relacionado com valorização do produto, pela inovação e evolução do produto, dos processos, embalagem ou pelo acompanhamento dos processos de reformulação. A promoção dos produtos e, em simultâneo, a sua defesa frente a produtos concorrentes de origem vegetal, ou a produtos análogos. n
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