ALIMENTAÇÃO DO FUTURO VERSUS ALTERNATIVAS À CARNE 46 Entre as espécies mais comuns estão: os besouros (31%), borboletas (18%) e abelhas, vespas e formigas (14%). Seguem-se os gafanhotos e grilos (13%), cigarras, cochonilhas e percevejos. A promoção de consumo de insetos no Ocidente deve-se à possibilidade da produção sustentável deste tipo de alimento, apresentando-se como uma importante alternativa ao consumo de carne. São apontadas várias vantagens ambientais na produção de insetos uma vez que, comparando como gado bovino e suíno, emitemmenos gases com efeito de estufa e necessitam de muito menos espaço e recursos hídricos. Sob o ponto de vista nutricional, os insetos destacam-se pelo seu elevado teor de proteínas, gorduras polinsaturadas, vitaminas, fibras e minerais. A colocação no mercado da UE dos insetos, tal como de todos os novos alimentos, carece de aprovação da Comissão após a realização de uma avaliação de riscos e emissão de respetivo parecer da Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA). A EFSA emitiu em janeiro de 2021 um parecer científico sobre segurança da larva Tenebrio molitor como um novo alimento nos termos do Regulamento (UE) 2015/2283. Em junho de 2021, com a publicação do Regulamento de Execução (UE) nº2021/882 foi autorizada a colocação no mercado de larvas de Tenebrio Molitor desidratadas como novo alimento ao abrigo do Regulamento (UE) 2015/2283. Avaliação do risco No artigo 'Insetos – Alimentos para o futuro'2, os seus autores referem que: …”na sua primeira avaliação do risco da utilização de insetos para consumo humano e alimentação animal, publicada em outubro de 2015, a EFSA concluiu que, para os perigos biológicos e químicos associados à criação de insetos para consumo humano e alimentação animal, os riscos estão dependentes da forma como os insetos são criados e processados. A conclusão geral da EFSA é de que o risco de usar insetos como alimento não é maior do que o risco de usar outros animais. Alguns pontos específicos incluem o facto de o principal risco estar relacionado com a alimentação e não com os próprios insetos; que os priões de mamíferos (responsáveis pela BSE) não se podem replicar em insetos; e que o nível de acumulação química (por exemplo, de metais pesados) não é claro, e precisa ser mais estudado". Relativamente às regras de higiene na produção de insetos, os produtores têm que cumprir as mesmas regras legais aplicáveis a operadores de outros setores, nomeadamente o Regulamento (CE) nº178/2002, por forma a garantir a segurança alimentar. Devem ser considerados os perigos microbiológicos, químicos e alergénicos. 2. Carne cultivada A carne cultivada em laboratório é apresentada pelos seus defensores como uma alternativa sustentável para os consumidores que querem ser mais responsáveis, mas não querem alterar a composição da sua dieta. A produção de carne cultivada é apresentada como uma solução amiga do ambiente, que visa diminuir o impacto ambiental ao nível das áreas de pastoreio, água consumida e emissão para a atmosfera de gases relacionados com o efeito de estufa. A carne cultivada é produzida a partir de amostras de células recolhidas de animais vivos que, ao serem colocadas nummeio de cultura apropriado que fornece nutrientes, crescem e multiplicam-se formando o mesmo tecido do animal. Com base neste processo, serão necessários menos animais para produzir enormes quantidades de carne devido à proliferação celular. Saúde e segurança Conforme citado pelos autores do artigo - The Myth of Cultured Meat [4] – "os defensores da carne cultivada afirmamque ela é mais segura do que a carne convencional, baseado no facto da carne de laboratório ser produzida num ambiente totalmente controlado por investigadores ou produtores, em meio estéril, enquanto que a carne convencional faz parte de um animal em contacto com o mundo exterior,
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