BF13 - iAlimentar

61 UNIVERSO DAS STARTUP ALIMENTARES PORTUGUESA contribuir para a democratização do acesso a novas proteínas de base celular. Por outro lado, a Nãm Mushroom Farm tem vindo a cultivar cogumelos a partir de borras de café, sendo um bom exemplo de um negócio, que promove a economia circular. Na área da saúde e bem-estar, as startups têm respondido agilmente a esta tendência/necessidade do consumidor ao desenvolverem produtos alimentares e bebidas com benefícios funcionais e/ou melhor perfil nutricional. Alguns exemplos de startups que estão a trabalhar nesta área são a Nolita, que fornece produtos sem açúcar adicionado, salientando as propriedades funcionais das fibras, a WISSI, que é pioneira na apanha natural de algas com o objetivo de introduzir vegetais marinhos na alimentação diária, a Why Not Soda, que disponibiliza sodas com ingredientes mais naturais e a Allmicroalgae, que se destaca pela produção de microalgas –nutricionalmente muito ricas e sustentáveis – disponibilizando-as em produtos alimentares com propriedades funcionais e em suplementos. Do ponto de vista tecnológico e da digitalização do setor alimentar, podemos destacar startups que têm desenvolvido soluções que facilitam a transparência, a rastreabilidade e a eficiência na indústria. A FoodinTech é uma startup que desenvolveu a tecnologia Flow, que permite sustentar e acelerar a tomada de decisões na operação industrial. Já a AgroGrIN Tech desenvolveu um processo inovador e ecológico, para transformar resíduos industriais de frutas, em novos ingredientes alimentares funcionais, de alto valor, valorizando todas as frações de resíduo. Alguns exemplos destes ingredientes são enzimas naturais com elevado grau de purificação, extratos de vitaminas, farinhas de frutas e sumos desidratados, podendo ser aplicados por diferentes indústrias (p.ex.: alimentar, nutracêutica, farmacêutica). A PortugalFoods tem vindo a posicionar-se neste ecossistema de forma muito natural e nos últimos anos a rede tem tido uma forte adesão de startups de várias categorias de produto. Apesar da contribuição das startups para a modernização e inovação do setor, há constrangimentos na expansão dos negócios, para os mercados externos e, nesse sentido, a PortugalFoods tem vindo a apoiar a presença destas empresas, através da criação de espaços específicos em feiras e eventos internacionais, para que possam promover os seus produtos e encontrar investidores ou futuros parceiros. Podemos destacar a presença de quatro startups nacionais, na feira Fancy Food, em Nova Iorque, em junho passado, com produtos inovadores como snacks à base de insetos, granolas e panquecas saudáveis, gelados vegan e sodas naturais. Por outro lado, é fundamental ter acesso a um conhecimento aprofundado dos mercados a explorar, pelo que, a PortugalFoods, através do seu Observatório de Tendências e Mercados tem elaborado estudos com informação que permite posicionar as empresas e os seu produtos nestes mercados. Enquanto ecossistema facilitador e agregador, a PortugalFoods também tem vindo a acompanhar spin-offs das universidades, bem como investigadores com perfil empreendedor que pretendem desenvolver as suas ideias de negócio, apresentando-os a investidores e/ou empresas do setor. Através da iniciativa Ecotrophelia Portugal (competição nacional da Iniciativa europeia Ecotrophelia), que pretende suscitar a veia empreendedora em estudantes de licenciatura e mestrado, que são desafiados a desenvolver um produto alimentar eco-inovador. Apesar desta competição não promover diretamente a criação de startups, há já projetos que serviram de inspiração para o desenvolvimento de novos produtos na indústria, em colaboração com as equipas concorrentes, a criação de duas startups e algumas equipas que equacionam a criação de empresa. Referir ainda alguns resultados alcançados, nomeadamente, na edição de 2020, em que o país conquistou o 1.º lugar na competição europeia, com um produto inovador e disruptivo, elogiado pelo júri internacional, e em 2022 conquistamos o 2.º lugar nesta competição. Este reconhecimento sublinha a qualidade e o talento existentes no ecossistema de inovação nacional. As startups portuguesas têm um papel fundamental no futuro do setor, para que possamos ter um sistema alimentar mais resiliente, saudável e sustentável. n

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