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62 SOLO Sistema Solo-Planta: como trabalhar a variabilidade? O sistema solo-planta é um sistema complexo, onde interferem diversos fatores bióticos e abióticos, sendo os primeiros a microflora, as raízes, microrganismos e microfauna, e os segundos o material mineral do solo, a água, a temperatura e o ar. Emilia Paliza Cuartero Crop Nutrition & Marketing Specialist Tradecorp Portugal Os resultados da interação destes elementos fazem deste sistema um organismo vivo, onde as intervenções realizadas na atividade agrícola provocam alterações que repercutem diretamente no potencial produtivo do sistema. Os nutrientes minerais são disponibilizados para a planta através de processos de meteorização e mineralização microbiana, a uma determinada taxa que é regulada por processos químicos de equilíbrio entre a fase sólida, líquida e gasosa do solo, e por outro lado, entre esta e as raízes das plantas. Para caraterizar o potencial produtivo de um sistema solo-planta deverá avaliar-se cada fator envolvido em separado e, assim, poder estabelecer as estratégias demaneio necessárias para poder atingir os resultados previstos em termos de produtividade de uma forma sustentável e eficiente. Atualmente, existem inúmeras ferramentas e tecnologia aplicada à agricultura para poder medir, analisar e procurar as informações necessárias para aprofundar os conhecimentos do nosso sistema. “O que não se mede não se conhece, o que não se conhece não podemos gerir, e o que não podemos gerir não podemos melhorar”. Voltando aos elementos que compõem este sistema, o nosso foco será o solo: como definir a fertilidade potencial e os fatores que a afetam e como trabalhar com a variabilidade de condições que podem existir numa parcela. A fertilidade potencial do solo é a maior ou menor aptidão deste para fornecer às plantas as condições físicas, químicas e biológicas adequadas ao seu crescimento e desenvolvimento. É a capacidade do solo para fornecer às plantas os nutrientes minerais nas quantidades e proporções mais adequadas. É através da solução do solo que as plantas obtêm os nutrientes. Essa solução constitui-se de água e iões, como resultado de um equilíbrio entre a fração mineral e orgânica que se encontra intimamente ligada ao complexo de troca do solo. De forma geral, quanto maior a capacidade do solo de reter e disponibilizar iões maior será a sua fertilidade potencial. A fertilidade potencial do solo compõe-se por uma 'fertilidade física' e uma 'fertilidade química'. Os fatores que afetam a primeira são a textura e estrutura do solo, e a segunda são o conteúdo de matéria orgânica, as bases de troca e capacidade de troca catiónica, a reação do solo (pH), a salinidade, calcário total e ativo, assim como a quantidade dos macros e micronutrientes disponíveis. Por fim, estas informações serão obtidas através duma análise de solo a partir duma correta amostragem da nossa parcela. Uma vez que conseguimos sectorizar as nossas parcelas, segue-se um trabalho de avaliação operacional sobre as possibilidades de tratamentos diferenciados. Sabemos que nem sempre é possível e teremos de lidar com limitações diversas. Conseguir ter um plano operacional ajustado às necessidades de cada situação ajudará a diminuir a variabilidade existente em cada ponto e aumentar a homogeneidade da nossa cultura.

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