56 REGADIO | NOVAS TECNOLOGIAS ram disponibilizar dados em tempo real e mais fidedignos, que nos permitem continuar a evoluir para uma rega ainda mais precisa, eficiente e sustentável, melhorando a qualidade dos frutos produzidos e permitindo que os mesmos permaneçam em excelentes condições de consumo durante mais tempo”, constata. Mas só isso não chega. Há que estar constantemente a inovar. E é por isso mesmo que a Lusomorango tenciona, ao abrigo do Programa Operacional, reforçar o investimento I&D para introduzir novas tecnologias, e para aperfeiçoar métricas de medição de consumos. “O passado recente mostra-nos que a ciência e a tecnologia podem ter um contributo determinante para uma evolução e um uso mais eficiente deste recurso essencial para a produção de alimentos. Esta é uma convicção da Lusomorango e uma das razões que nos levou a investir cada vez mais na pesquisa, investigação e desenvolvimento nesta área e em parceria com universidades e centros de conhecimento”, afirma o presidente da Lusomorango. O FUTURO DO REGADIO Com a gestão da água a ser cada vez mais determinante, espera-se que haja cada vez mais produtores a adotarem tecnologia de ponta. Seja através de sensores, drones... o importante é ter dados suficientes sobre as condições do solo e da nutrição da cultura por forma a proporcionar a quantidade certa de água no momento adequado. Mas só isto não chega. Não basta as iniciativas dos produtores. Porque, como lembra Luís Pinheiro, o maior desafio da água em Portugal são as perdas que acontecem dentro dos próprios sistemas de distribuição e, sem agir efetivamente e com soluções estruturais neste sistema, será muito difícil, se não impossível, garantir a água que todos – não só a agricultura – precisamos. A questão da gestão eficiente da água – e no caso da agricultura, o regadio – tem de ser encarada como um fator estratégico para o País. Portugal “tem condições climatéricas singulares que, se conjugadas com uma política de água assente numa gestão eficiente e em novas fontes de água – que permitam criar previsibilidade as empresas –, podem criar condições para que os agricultores possam continuar a investir para transformar o setor num dos mais modernos e resilientes e continuar a contribuir decisivamente para o desenvolvimento do País”, aponta o representante máximo da Lusomorango, que acrescenta que a maioria dos seus associados “exercem a sua atividade no Aproveitamento Hidroagrícola do Mira (AHM), onde as infraestruturas de distribuição necessitam de ser modernizadas a fim de evitarmos as perdas de água na ordem dos 30 a 40% que existem neste momento”. Este é um problema geral, mas que, no caso da agricultura, tem um efeito ainda mais visível. “Estas infraestruturas têmmais de 50 anos e necessitam de uma intervenção estrutural que, não só as modernize como também adeque à realidade para que a rega seja, de facto, cada vez mais eficiente”. E quais são as consequências? Luís Pinheiro dá uma resposta imediata: os produtores podem ter sistemas de rega 100% eficientes, mas se a infraestrutura de distribuição não for, ela própria, eficiente então haverá sempre uma perda que deve ser anulada. Uma situação que, infelizmente, não é exclusiva de uma ou outra região. “Portugal precisa de modernizar os perímetros de rega existentes e ligar o Norte ao Sul através da água. Barragens, charcas, reutilização e novas fontes de água, como a dessalinização, são fundamentais. O setor agroalimentar só é competitivo se tiver acesso ao regadio e é importante que tenhamos presente o impacto que o setor tem para a economia nacional, não só para responder ao consumo interno como para as exportações. Novas reservas de água ajudam na coesão do território, no combate ao despovoamento, na ocupação e desenvolvimento de territórios de baixa densidade, no combate à desertificação e às alterações climáticas, na renovação geracional e no desenvolvimento económico para múltiplos fins que floresce com a atividade agrícola”, constata Luís Pinheiro. n
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