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53 REGADIO | NOVAS TECNOLOGIAS esta informação, é fundamental para o uso mais sustentável do recurso água, uma vez que permite uma rega precisa e eficiente dando às plantas o que elas precisam naquele exato momento, nem mais, nem menos”, afirma. O certo é que hoje todos os produtores da Lusomorango utilizam o sistema de rega gota-a-gota na produção dos pequenos frutos e estão também a recolher e a reutilizar a água resultante da drenagem e água não consumida pelas plantas, reintroduzindo-a no sistema de rega conseguindo uma maior otimização deste recurso. Já a Veracruz aliou-se aos laboratórios AGQ para trazer para Portugal a sua tecnologia. O projeto-piloto - o AQUA4D - termina no final deste ano e Gustavo Ramos, diretor de operações agrícolas da Veracruz, afirma estar muito satisfeito com os resultados obtidos até agora. De tal forma que a empresa pretende expandir a solução para as suas outras culturas, presentes e futuras. Isto porque a tecnologia, pela reorganização das moléculas de água, permite utilizar até 20% a menos de água numa plantação. “O objetivo é que a água se infiltre melhor no solo e fique na região das raízes”, ou seja, os 20% a menos não é menos água dada à planta, mas sim menos 20% de perdas, por infiltração, seja por escorrimento ou uma outra razão. A parceria tenta perceber como é possível diminuir a utilização de adubos e utilizá-los de forma mais eficaz e eficiente. Os dados são recolhidos por sensores instalados no solo e que, de 'x em x tempo', são manualmente recolhidos. “A ideia é que só reguemos aquilo que a planta precisa. Nemmais nem menos”, afirma Gustavo Ramos. E com isso a empresa consegue assegurar a sustentabilidade não só ambiental como também do negócio. Tendo em conta a importância da água para uma saudável agricultura, há que “controlar a quantidade de água que colocamos nas plantas”. Como é que se consegue isso? Segundo o diretor de operações agrícolas da Veracruz, tudo começa por ter um sistema de rega bem desenhado e implementado, onde se saiba exatamente a quantidade de água que entra e que sai. “Com isso, conseguimos saber não só o que entra no que diz respeito a água, mas também aos fertilizantes que vão nessa água”, refere Gustavo Ramos, acrescentando que o sistema também permite identificar grandes fugas. Ou seja, não só conseguem evitar o desperdício ao identificar as fugas, como têm um maior controlo da quantidade de água que é colocada nas culturas. A par disto, a Veracruz utiliza um conjunto de sondas que dão dados sobre o nível de humidade, o que permite identificar o quão saturado está o solo de água (ou não). Por outras palavras, estas informações permitem saber qual o momento adequado para a rega. Se o solo está húmido não faz qualquer sentido estar a acrescentar água. Pode até ser contraproducente. Porque se a seca é prejudicial às plantas o mesmo acontece com o excesso de água. A par disto a empresa também realiza, de 15 em 15 dias, voos com drones. "OS AGRICULTORES PORTUGUESES TÊM VINDO A FAZER UM FORTE INVESTIMENTO EM TECNOLOGIA DE REGA" Eduardo Oliveira e Sousa, Presidente da CAP, considera que os agricultores portugueses "têm vindo a fazer um forte investimento em tecnologia de rega, em prol de uma agricultura moderna, de precisão, mais sustentável, que procura responder aos desafios globais que se impõem, com destaque, naturalmente, para a gestão dos recursos hídricos". "É a tecnologia que, com base em informação em tempo real, diz aos produtores quais as necessidades das plantas em termos de água, a partir de sistemas de rega programados e integrados com programas de previsão meteorológica e inteligência artificial. Hoje, em Portugal, já temos muitas dezenas de milhar de hectares regados com recurso a este tipo de tecnologias. Por exemplo, e falando de uma cultura que necessita de muita água, a média de volume necessário para produzir arroz em Portugal no fim do século XX era de 15 mil a 20 mil m3 por hectare. Hoje, a maioria está abaixo ou próximo dos 10 mil m3. Porquê? Porque os terrenos passaram a ser nivelados através de controle com raio laser, entre outras evoluções. No tomate de indústria, já não se pratica rega por sulcos", refere. "Hoje é totalmente regada com gota-a-gota, tendo o volume médio de utilização passado de 8 mil ou 9 mil m3 por hectare para cerca de 4 mil (50% de "poupança"). E muitos outros exemplos poderia dar, como nos pomares, com mantas protetoras no solo para evitar perdas por evaporação e controlo de infestantes (que também "bebem" água), etc. A ciência não para e a agricultura e os agricultores acompanham. Mas é preciso garantir mais apoio específico para este tipo de investimento, assegurando processos mais ágeis e simples, assim como a formação necessária para os agricultores os conseguirem aplicar no terreno", conclui o responsável da CAP.

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