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AGRICULTURA DE PRECISÃO 21 A importância da sustentabilidade da produção de forragens nos sistemas extensivos de produção de bovinos na região do Alentejo e as novas tecnologias de agricultura de precisão são o enquadramento do projeto ISOmap Forragem, liderado pelo Instituto Politécnico de Portalegre em parceria com o polo de Elvas do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária. Os ensaios decorremdesde 2020 na herdade da Comenda, destacando-se neste artigo alguns dos resultados práticos já alcançados. Financiado pelo programa Alentejo 2020, o Projeto ISOmap Forragem, que agora entra na sua fase de conclusão, teve como principais objetivos: 1. Transferir conhecimento nas áreas da mecanização agrícola e agricultura de precisão para a melhoria da eficiência do uso de máquinas agrícolas com tecnologia assente na Norma ISO 11783 (ISOBUS) para aplicação a taxa variável de fatores de produção; 2. Dar a conhecer novas itinerários culturais na produção de culturas forrageiras compatíveis coma gestão sustentável dos recursos naturais como o solo e a água; 3. Criar uma rede de informação e transferência de conhecimento através de sinergias entre a investigação, o ensino superior e o setor empresarial agropecuário. Segundo os Censos Agrícolas de 2019, o Alentejo mantém a sua posição líder na produção extensiva de ruminantes, e em particular de bovinos de carne. Sendo estruturalmente uma região caraterizada por condições edafoclimáticas do tipo Mediterrâneo, a produção de alimentos forrageiros é determinante para a suplementação destes efetivos nos períodos de carência de pastagem. Contudo, esta realidade já dificultada pela constante revisão em alta dos preços dos fatores de produção face aos preços do produto, é ainda mais circunstanciada pela grande heterogeneidade meteorológica que se observa nos últimos anos, caraterizada pela redução drástica do regime de precipitação e ou concentração do mesmo em muito curtos períodos de tempo, e subida acentuada e prolongada da temperatura média do ar – condições que dificultam significativamente o regular desenvolvimento de culturas anuais de sequeiro e a realização das operações mecanizadas que lhes estão associadas. Neste contexto, o projeto ISOmap Forragem, dando continuidade aos trabalhos iniciados no projeto MechSmart Forages, tem vindo a demonstrar na Herdade da Comenda em Caia (Elvas) técnicas e modos alternativos na gestão de culturas forrageiras, muitas delas com aplicabilidade a outras culturas da região, tanto anuais como permanentes. Nas técnicas utilizadas, destaque para a sementeira direta, e na gestão destaque para a adoção de agricultura de precisão e para a norma ISO 1783 – ISOBUS em máquinas agrícolas. SEMENTEIRA DIRETA A opção de sementeira direta prende-se diretamente comduas ordens de razões: i) a redução dos custos de operação com ganhos importantes resultantes domenor consumo de combustível por hectare, e ii) a médio e longo prazo, na melhoria das condições de fertilidade e da condução da água no solo, resultantes de menor exposição a fatores de erosão, e da menor compactação resultante de um menor número de passagem de máquinas. Atendendo ao tipo de solos presente na parcela (Pag e Sr) de textura areno ou franco-arenosa, camada arável fina e percentagemmoderada de calhau rolado à superfície, o itinerário de sementeira direta após trabalhos de regularização do micro relevo do solo, teve início em 2017 ainda no projeto MechSmart (Figura1). No atual projeto ISOmap foram instaladas, tanto em 2021 como em 2022, culturas anuais consociadas de gramíneas e leguminosas e culturas em estreme, ambas dando preferência a espécies para cortes múltiplos assentes principalmente em variedades de azevém e triticale, quer pelo seu elevado valor nutricional e palatibilidade, Figura 1. Condição inicial da parcela que obrigou a trabalhos de espedrega para regularização do micro relevo superficial do solo e operação de sementeira direta. As operações de corte passaram a permitir eficiências de campo de 7,2 ha.h-1 fruto da conjugação de maior velocidade e largura de trabalho (9 m), esta garantida pela montagem de frentes de corte em barras de engate frontal e traseiro no trator.

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