BA7 - Agriterra

81 AGROFLORESTAL: RADIOGRAFIA DO SETOR dução agrícola com a manutenção dos serviços dos ecossistemas que permitem a existência dessa produção. “Um dos principais problemas é mesmo a capacidade de conciliar a produção com a manutenção da qualidade dos ecossistemas e dos seus serviços”, constata Sofia Santos. A Zero, por seu lado, olha para o setor agroflorestal como conjunto muito diversificado de sistemas, que infelizmente não têm vindo a ser valorizados pelos serviços indispensáveis que providenciam à sociedade. Como refere Francisco Ferreira, o limbo, entre a necessidade de subsidiação e a procura de economias de escala e orientação para o mercados externos, em que se tem mantido a política pública nas últimas décadas tem levado ao descurar das necessidades contextuais dos territórios e as oportunidades de implementar modelos de desenvolvimento de base local, levando à contínua hemorragia de empregos e ao esvaziamento do interior que é uma consequência algo abrangente das políticas governamentais para as zonas rurais. A ambientalista considera que “a dita modernização do setor primário pode contar melhores indicadores de produção, mas o favorecimento de estruturas com grande escala e a política de ordenamento permissiva às monoculturas não se tem traduzido em ecossistemas mais resilientes e populações rurais mais prósperas, pelo que é necessário continuar a desafiar uma visão para as zonas rurais que seja capaz de colocar as comunidades locais no centro e fomentar a geração e valorização do conhecimento contextualizado nos territórios”. Face a este cenário, a opinião de Francisco Ferreira é de que não se pode continuar a verificar o nível de desinvestimento no minifúndio e nos pequenos e médios produtores, deixando-os à mercê de uma captura do valor noutros elos da cadeia. “Instrumentos como a Política Agrícola Comum (PAC), que baseiam muitos dos seus apoios na dimensão da área gerida, pelo que devem transitar para formas de apoio que realmente valorizem os bens públicos gerados. Há que usar os fundos para o desenvolvimento rural para limitar a captura de valor nas cadeias por parte de intermediários, valorizando o preço no produtor e relações de consumo de maior proximidade”, afirma. ALÉM DO HOMEM... AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS Se é certo que a atividade humana é, talvez, a que causa mais impacto e provoca mais desafios ao setor agroflorestal, este também tem de lidar com as alterações climáticas. Os períodos de seca são cada vez mais frequentes e prolongados e, muitas vezes, levam O investimento no setor é importante, não só pelo seu valor económico, como porque pode ser uma ferramenta no combate à desertificação do País.

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