79 FRUTOS SECOS A família Ortigão Costa, conhecida mundialmente pelo tomate de indústria da Sugal, decidiu avançar em 2016 com a plantação de nogueiras no Alentejo, na região de Évora. Tendo inaugurado em 2021 uma unidade de processamento (limpeza, secagem, calibragem, descasque e embalamento do miolo) “de forma a assegurarmos toda a cadeia de valor”, explica à Agriterra Tiago Costa, CEO Agricultural Business da Sogepoc. Esta unidade, com capacidade para trabalhar 6.000 toneladas de noz (os 4.000 que a Nogam irá produzir quando estiver em velocidade de cruzeiro, mais 2.000 ton de fruto que pretende ir buscar a outros produtores da região), é “a única na Europa com o processamento completo das nozes” e faz parte de um investimento de cerca de 50 milhões de euros do grupo. Tiago Costa considera que “a noz é boa oportunidade de investimento”, salientando que a Beira Interior e o Alto Alentejo são zonas interessantes, porque a cultura da noz gosta de solos profundos e bem drenados e precisa de 700 a 800 horas de frio. Mas também importa ter tempo seco na colheita porque “quando chove a noz começa a abrir. Nós temos grande capacidade de recolha e secagem, conseguindo realizar toda a colheita, no máximo, em 20 dias”. A Nogam apostou nas variedades Chandler, Howard e Tulare. “A Chandler é a mais representativa cerca de 80%. Produz bem, nas nossas condições, apesar de sermos diferentes dos Estados Unidos e do Chile. É a referência no mercado em termos de qualidade e a que tem o melhor preço”, diz-nos o diretor executivo. UPGRADE DO MODELO NORTE-AMERICANO A Chandler é uma variedade de polpa clara, que enche bem a noz e tem casca mole, “sendo a melhor opção para competir com os EUA”, defende o CEO Agricultural Business da Sogepoc acrescentando que o modelo de produção em que a empresa apostou é similar ao norte-americano, mas “é um upgrade porque temos a consultoria dos nossos parceiros chilenos que aplicam conceitos de fruticultura à nogueira, pelo que acreditamos que vamos ter uma produtividade igual ou superior à dos EUA, com custos de produção idênticos ou até mais baixos”. O responsável explica ainda à Agriterra que optaram por fazer camalhões maiores do que o habitual porque o solo onde estão os nogueirais não é da melhor qualidade e é muito heterogéneo e assim consegue-se evitar acumulação de água e concentra-se maior volume de solo para as raízes das árvores. Depois das análises ao solo decidiram também aplicar matéria orgânica (80ton/ha) nos camalhões. O compasso escolhido foi de 7/5, “mas também experimentámos 7/2,5”, e fez-se poda de formação nos dois primeiros anos, com o formato de copa, ou seja de ‘pinheiro’, como fazem no Chile, ao contrário do formato em vaso utilizado nos EUA. Tiago Costa adianta-nos que “a rega também foi diferente nos primeiros anos, para a planta desenvolver as raízes e explorar o maior volume de solo, com regas espaçadas mas muito profundas e acompanhadas de uma fertilização muito cuidada, para garantir produtividades elevadas”. O responsável assegura que os problemas fitossanitários da cultura são os normais, “nada de extraordinário”, que “não há muitas pragas” e que os nogueirais da Sogepoc estão emModo de Produção Integrada. A nogueira começa a produzir habitualmente ao terceiro ano, mas em Portugal “como não há pólen só temos produção ao quarto ano”. A Nogam, da holding Sogepoc (família Ortigão Costa), é já o maior produtor de noz da Península Ibérica
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