ENTREVISTA 56 A eletrificação pode chegar aos tratores especializados, dada a limitação de potência que têm? Há alguns anos que temos vindo a realizar estudos sobre a eletrificação. Nos dias de hoje, a única solução funcional para tratores compactos foi a apresentada na EIMA 2021, que é um modelo híbrido. Atualmente têm um custo muito alto, mas acredito que, num ano, será possível vender a um preço razoável para uma utilização apropriada. A tecnologia ainda não consegue oferecer uma solução completamente elétrica para um trator compacto. Testamos com fabricantes de motores elétricos e, de momento, acreditamos que não seja possível. Quem sabe se em dois anos será uma realidade? Continuamos a investigar porque estamos interessados em aprofundar o conceito de trator elétrico. Lançaram também uma novidade no serviço pós- -venda: os óculos interativos HoloMaintenance. ARede de Concessionários está preparada e atualizada para oferecer este serviço e, de modo geral, para enfrentar o desafio da digitalização? Atualmente, ainda concessionários não estão todos preparados mas estarão em breve, pois o sistema é fácil de utilizar. É algo novo que necessita de tempo para a sua implementação. Foi lançado, sobretudo, com o pensamento no mercado da Nova Zelândia, onde nos é muito difícil oferecer assistência remota. Realizamos um primeiro teste, ao tratar-se de um país muito distante, onde vendemos bastante e temos uma grande necessidade de intervenção e, devo dizer, que tudo funcionou muito bem. É certo que em outras zonas, como os países do Mediterrâneo, a cultura do concessionário é diferente e este processo irá ser mais lento. Mas com as novas gerações, acreditamos que o iremos implementar. Se falamos tanto da Agricultura 4.0, podemos também falar de uma Antonio Carraro 4.0? A verdade é que a digitalização e a transmissão contínuas formam um binómio perfeito. Já estamos a vender tratores chamados 4.0, sendo que não se trata apenas de uma denominação para favorecer o financiamento, mas também pela sua utilização em estradas e no campo, com soluções como o piloto automático. Sabemos que num trator compacto este tipo de ferramentas 4.0 são mais difíceis de aplicar do que num trator de campo aberto, mas continuamos a trabalhar encarando o futuro desta linha. Como acha que será o trator do futuro? 100% elétrico, sem condutor? É difícil prever. O trator autónomo é uma tecnologia na qual também estamos a trabalhar, mas não é fácil aplicar em tratores compactos. De momento, vemos como algo distante. Em tratores compactos não se trata apenas de controlar a própria máquina, pois também o agricultor necessita de um controlo muito preciso para o trabalho efetuado pelos implementos, como por exemplo sucede com os atomizadores com muita eletrónica, onde é necessário vigiar com precisão as aplicações, a distância, como se trabalha o terreno, etc. De qualquer forma, na Antonio Carraro, continuamos a seguir em frente, recordando como começamos, que foi a ouvir os agricultores, conhecendo as suas ideias de futuro e analisando a evolução dos cultivos com o objetivo de interpretar o que necessitam. As fábricas estão a sofrer uma escassez de matérias- -primas, em conjunto com a forte subida de preços em termos logísticos e energéticos. Têm capacidade para assumir este aumento de custos, tendo em conta que se têm registado alterações sucessivas da regulamentação de emissões e motorizações, as quais também tiveram impacto nos custos? É difícil. Poderemos resistir durante um tempo, mas no final teremos de as repercutir. Em 2021 aplicamos dois aumentos de preços, que se ajustam em função das políticas de desconto. Percebemos que, de forma geral, as pessoas aceitaram e em alguns países onde existem importantes ajudas, como em Itália, não foi tão percetível o aumento. A nova Série Tora foi uma das grandes protagonistas em Bolonha.
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