BA5 - Agriterra

60 REPORTAGEM TRÁS-OS-MONTES: VALORIZAR A PRODUÇÃO DE AZEITE E POTENCIAR A AMÊNDOA No Norte do País, António Martins Bonito gere 500 hectares, entre Mirandela e Valpaços, na Sociedade Agrícola Fonte Mercê, que abrange a exploração de floresta (pinheiros), algumas áreas de sobreiros, amen- doal e olival. "É uma exploração que tem dois anos sob a nossa gestão e o que estamos a fazer é uma reconversão de grande parte das áreas, profissionalizamos e estamos a criar linhas de atuaçãomuito ligadas aquilo que é o olival. Arrancamos parte da área de floresta para transfor- marmos emolival e estamos a recorrer a fundos comunitários no âmbito do PDR2020. Ou seja, estamos a traba- lhar na profissionalização da parte do olival tradicional, aproveitando as cara- terísticas edafo-climáticas da região, as capacidades produtivas e existentes, com o objetivo de valorizar a nossa produção", explica. "Já estamos em produção integrada e estamos agora a seguir para a Agricultura Biológica (AB). 2021 é o primeiro ano em que estamos a tra- balhar em modo biológico na parte do olival. E recordo que a agricultura biológica aqui não tem tanto que ver com a utilização dos produtos fitofar- macêuticos, até porque na parte do olival conseguimos controlar a cultura com os produtos passíveis de serem utilizados em AB, nomeadamente ao nível da utilização de produtos com cobre e enxofre, e conseguimos contro- lar as pragas e doenças destas culturas", realça, acrescentando que a opção pela AB também se deu com o intuito da "valorização do nosso produto". AntónioMartins Bonito não temdúvida sobre a opção emterras transmontanas: "temos de produzir o olival tradicional em Trás-os-Montes". No caso da Fonte Mercê, esta ainda não dispõe de um lagar para transformar oproduto: "temos parcerias com produtores de lagares comquem trabalhamos e estabelece- mos cadernos de encargos. Trabalhamos também muito com as associações, que nos dão apoio técnico, e com a Academia em aspetos mais relacio- nados com a evolução da maturação, do teor de azeite e fixar, por exemplo, o momento ideal de colheita para o produto. A parte técnica associada à evolução e acompanhamentoda cultura do olival é algo que queremos incorpo- rar na exploração de Valpaços". Salienta que a mecanização da cultura está a ser feita, "com a valorização dos solos e da planta, para obtermos um produto de excelência. Costumo dizer que o azeite de qualidade começa logo a partir do dia seguinte à colheita". Neste sentido, o agricultor reforça a ideia de que a Norte, o objetivo passa por canalizar o foco no olival, comuma área de 400 hectares, e algum amen- doal comvariedades tradicionais. Sobre este segmento, afirma que a aposta vai depender da evolução domercado da amêndoa em Portugal e da valori- zação por hectare do produto. Sobre os constrangimentos da cultura da amêndoa, Martins Bonito sublinha que "não são apenas problemas em Trás-os-Montes". "A incapacidade que os agricultores têm em produzir e em se unir em torno de um único canal de comercialização próprio é, prova- velmente, omaior entrave", adiantando que a dimensão média da exploração "é uma condicionante". Para fazer face a estas adversidades, a estratégia passa por se associarem a agrupamentos de transformação e comercialização, "de forma a valorizar a produção e o ren- dimento das explorações". CEREAIS E PROTEAGINOSAS NO ALTO ALENTEJO Descendo no mapa de Portugal, fala- mos agora do projeto de António Bonito em Alter do Chão e no Crato, no dis- trito de Portalegre, em que explora cerca de 700 hectares nas Herdades da Sepilheira e da Lameira, vocacionadas para a produção de cereais e protea- ginosas. "Pela valorização que tem e pela capacidade de escoamento, come- çamos a fazer centeio nesta região", afirma, acrescentandoquehá uma outra vertente ambiental e comercial muito importante associada e que incide na produção da cultura do tremoço, "um produto commuita procura no mer- cado". Uma última aposta nesta região do Alto Alentejo é a cultura de feijão frade. "Todas estas produções são para escoamento nacional", informa. Sublinha ainda que, sendo esta é uma zona demontado de sobreiro, “estamos a fazer a preservação do montado, daí também a rotação dos cereais para alcançar o equilíbrio e a sustentabili- dade” dos solos e das culturas. Exploração de olival, Fonte Mercê, em Valpaços.

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