BA5 - Agriterra

AGRICULTURA DE CONSERVAÇÃO 53 A adesão dos agricultores (área e nº de beneficiários) portugueses, em Portugal Continental, à medida agroambiental de Conservação do solo (7.4.1 e 7.4.2) constitui atualmente o proxy - indicador indireto - mais indicado para contabilizar a área dedi- cada à AC/MC em Portugal, devido à rigorosa definição das práticas que considera e aos compromissos associados. Em 2021, com a possibilidade do início de um novo ciclo de compromissos à medida de Conservação do Solo verificou-se uma inversão da tendên- cia decrescente registada entre 2015 e 2020, tendo a adesão aumentado nomeadamente na prática de enrel- vamento da entrelinha de culturas permanentes. Relativamente aos valores médios do período 2015-2020 os aumentos foram, em área, de 202% (para 95.408 ha de área em 2021) na adoção da prática de enrelvamento da entrelinha de culturas permanentes e de 7% (para 18.018 ha de área em 2021) na sementeira direta ou mobi- lização na linha. Comparativamente aos anos anteriores as candidaturas no ano de 2021 evidenciam as verdadeiras intenções dos agricultores de adesão às práticas de AC (IFAP, 2021). EmPortugal Continental o documento de Diagnóstico do Objetivo Específico 5 (2020) no âmbito do PEPAC 2023- 2027 identifica 3 pressões sobre o Solo: o Índice de Aridez, o Teor Total de Carbono nos Solos Agrícolas, e a Erosão do Solo pela Água. As pressões referidas resultam, essencialmente, das condições edafoclimáticas e das práticas culturais desadequadas (GPP, 2020). As práticas de AC/MC ao promoverem a gestão sustentável e a resiliência dos solos agrícolas e flo- restais constituem uma alternativa técnica capaz de contrariar o pro- cesso de degradação do solo que tem vindo a ser registado – como a erosão, a perda de fertilidade e de biodiversidade, e da compactação dos solos. PROJETO EUROPEU CAMA: CONTRIBUTOS PARA A ADOÇÃO DA AGRICULTURA DE CONSERVAÇÃO NA REGIÃO MEDITERRÂNICA O projeto CAMA 1 - Abordagens par- ticipativas baseadas na investigação para a adoção da Agricultura de Conservação na Região Mediterrânica, que está a ser desenvolvido em vários países da região mediterrânica, pretende identificar e ultrapassar as principais barreiras, económi- cas, agronómicas e sociais que impedem a adoção das práticas de Agricultura de Conservação nos paí- ses do Mediterrâneo. Este projeto em Portugal está a ser desenvolvido pelo INIAV e pela APOSOLO. O INIAV - O Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I. P. é o Laboratório de Estado, da área de competências da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, que desenvolve atividades de inves- tigação nas áreas agronómica e veterinária. O Polo de Inovação do INIAV situado em Elvas (Estação de Melhoramento de Plantas) é a unidade de investigação onde se desenvolvem os Programas de Melhoramento de Portugal incluindo cereais (trigo mole e duro, aveia, triticale), leguminosas para grão e forragens desde 1942. A APOSOLO – Associação Portuguesa de Mobilização de Conservação do Solo, fundada em 1999, é uma asso- ciação privada sem fins lucrativos de agricultores, investigadores, empresas, estudantes e outros interessados na adoção, em Portugal, de práticas da Agricultura de Conservação – distúrbio mínimo do solo, cobertura permanente do solo e diversificação de culturas. A atividade da APOSOLO foca-se no desenvolvimento, experiência e transferência de conhecimento da Agricultura de Conservação. A APOSOLO é membro fundador da ECAF – Federação Europeia de Agricultura de Conservação – desde 2001. O projeto recorre à utilização de uma abordagem de investigação participa- tiva baseada no recurso a ensaios de campo e de casos-piloto em várias condições e no desenvolvimento de um extenso programa de divulga- ção e formação. O consórcio inclui 13 entidades de 8 países da bacia do Mediterrâneo, estando Portugal repre- sentado pelo INIAV e pela APOSOLO. As duas entidades participam essen- cialmente nos Grupos de Trabalho 2, 3 e 7, sendo este último dedicado à divulgação, capacitação e transferência de conhecimento. A APOSOLO é líder do Grupo de Trabalho 2 dedicado à identificação das barreiras socioeco- nómicas à adoção da AC. Definir o que é necessário investigar e experimentar utilizando uma abordagem participativa e recorrendo a campos de demonstração no Alentejo No grupo de trabalho 3 deste projeto, os produtores locais que utilizam AC juntamente como INIAV e a APOSOLO, definem as principais necessidades de investigação e implementam campos de demonstração. Os agricultores e técnicos estão a testar soluções inova- doras em campo, em relação a vários aspetos práticos da AC em diferentes condições. O trabalho a desenvolver foca-se em 4 temas - controlo das infestantes; sementeira; fertilização e rotação de culturas - considerados como relevan- tes na melhoria da implementação e do sucesso das práticas de AC.

RkJQdWJsaXNoZXIy Njg1MjYx