BA3 - Agriterra
AMENDOAL 31 tabilidade, ao depender em grande medida do volume da copa, empar- ticular de tratamentos fitossanitários, água e fertilizantes; dado que é difícil conseguir a referida eficiência com copas com o máximo volume dos sistemas em vaso. A produção biológica de amêndoa A produção e o consumo de frutas biológicas revelam um crescimento sustentável em toda a Europa ao longo das duas últimas décadas. Os quatro países com maior superfície total dedicada à agricultura biológica são Espanha (16,9% do total da UE-28), Itália (15,1%) França (12,9%), Alemanha (9,5%) e, depois, Portugal (7%). Estes quatro países somam 54,4% do total da superfície biológica europeia, com mais de 12 milhões de ha em 2019. A Austrália continua a ser o país com a maior extensão de terras com cultivos biológicos do mundo (na sua maioria, terras dedicadas a pastoreio), seguida de longe pela Argentina, China, Estados Unidos e, na quinta posição, Espanha, commais de dois milhões de ha (FiBL e IFOAM). Os países europeus nos quais se consomem mais produtos biológicos são a Alemanha, a França e o Reino Unido, existindo um baixo consumo em Espanha, que ocupa a posição número oito (EUROSTAT). Em valores relativos, os países da União Europeia com maior consumo per capita de produtos biológicos são o Luxemburgo e a Dinamarca. Em termos de amêndoa biológica, a Espanha é o líder mundial com 144.560 ha e uma produção de 18.000 t em 2020 (Figura 2b). Os Estados Unidos, com 16 500 t anuais, é o segundo produtor do mundo. Na Europa, a produção localiza-se em Espanha, praticamente na totalidade. Em Portugal, segundo a DGADR (2018), os frutos secos ocupam uma superfície de 43.843 ha, 39.642 de amendoal, dos quais se estima que cerca de 2.500 ha se estão a converter ao modo bio- lógico. Em Espanha, a sua produção situa-se principalmente em zonas de sequeiro da vertente mediterrânica com baixa pluviosidade (Castela-La Mancha, Andaluzia, Alicante, Região de Múrcia, Vale do Ebro, etc.). Apenas 21% da superfície cultivada conta com rega de apoio. As referidas condições clima- téricas com climas secos e quentes, juntamente com o sistema de cultivo pouco intensivo, favorecem em larga medida este tipo de produção que foi quase sempre biológica e que seria muitomais difícil em zonas commaior pluviosidade e cultivo mais intensivo. A escolha ideal da variedade e da zona de produção são fundamentais para a produção biológica de forma sustentável e competitiva. Um dos fatores que despertou o interesse pela opção biológica foi o aumento considerável dos preços ao longo de 2020, entre outros, devido aos efeitos da Covid-19 e da procura crescente, que se prevê que continue no futuro. No entanto, convém recordar que há apenas alguns anos, raramente existia uma diferença de preço entre a amêndoa biológica e a convencional, tal como se observa na Figura 16. A previsão de futuro esboça um intervalo provável de preços para a amêndoa biológica entre 7 e 7,5 €/kg para não retrair o consumo, emcontraste comos 4-4,5 €/kg previsíveis para a amêndoa convencional, uma diferença de preço superior de 75% a 66%, respetivamente para a amêndoa biológica. É óbvio que a produção biológica é um sistema de produção que, tal como em outros pomares, exige muito mais técnica por parte dos produtores e uma assessoria especializada, para além do acerto na escolha varietal e nas zonas ideais de cultivo. A Agromillora está a desenvolver desde 2017, em Espanha e Portugal, e para os sequeiros mais recentes, uma nova técnica de produ- ção baseada em variedades autoférteis autoenraizadas, conduzidas emsebe de volumemodulável segundo condições edafoclimáticas e altamente mecani- zável, tanto na poda como na colheita (Iglesias, 2019b). Este sistema, tal como no olival, deverá permitir uma produção eficiente e sustentável de amêndoa biológica para revalorizar amplas zonas dedicadas atualmente a cultivos exten- sivos com baixa rentabilidade. Seja emsequeiro ou em regadio, a ado- ção de um sistema de formação como a sebe, uma forma plana e de pequeno volume, representa uma vantagemassi- nalável para a produção biológica no que diz respeito à utilização dos inputs Figura 16: Custos preliminares de produção e processamento e sua divisão por conceitos para os sistemas em sebe (colheita commáquina cavalgante, esquerda), e intensivo (colheita com panos e buggies, direita), correspondentes a propriedades comerciais do Vale do Ebro (Espanha) no ano de 2019.
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