HORTICULTURA 65 atingindo uma produção total de 244.637 toneladas com um rendimento médio de 28.798 kg/ha. Esta cultura é também um motor do emprego rural: cada hectare produz, em média, 40 dias de trabalho por ano, o que equivale a 340.000 dias de trabalho por ano na Andaluzia, ou seja, 1.415 empregos diretos. Para além da sua importância local, a batata desempenha um papel estratégico na balança comercial andaluza devido à sua forte orientação para a exportação. Cerca de 60% da produção destina-se aos mercados internacionais, principalmente nos países da UE. Em 2023, as exportações de batata geraram 42.528 milhões de euros para a região, representando 21% do total nacional, de acordo com dados da Direção-Geral das Alfândegas e Intrastat. Este valor evidencia a importância económica desta cultura, especialmente nas zonas rurais onde é necessário um maior dinamismo empresarial e a criação de emprego. DESAFIOS DO SETOR: DIMINUIÇÃO DA ÁREA CULTIVADA E AMEAÇAS CLIMÁTICAS Apesar da sua importância, a cultura da batata na Andaluzia enfrenta desafios críticos. Um dos mais preocupantes é a redução sustentada ao longo do tempo da área semeada, que diminuiu 37% desde 2010, com uma taxa média de redução de 4% ao ano, de acordo com dados da Junta de Andaluzia. Embora a produção total tenha registado ligeiros aumentos graças a melhorias na produtividade, a redução dos hectares cultivados evidencia um problema estrutural. Os fatores responsáveis por esta tendência são a concorrência da batata importada armazenada em câmaras frigoríficas e as políticas de liberalização do mercado internacional. No entanto, existem também desafios técnicos no próprio setor, em relação aos quais podem ser tomadas medidas corretivas. Um dos mais prementes é a necessidade de uma gestão fitossanitária sustentável para combater pragas e doenças como o míldio, sem comprometer o ambiente ou a competitividade do produto. O MÍLDIO: UMA AMEAÇA CRESCENTE DEVIDO ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS O míldio da batata, causado pelo fungo Phytophthora infestans, é a doença mais prejudicial para esta cultura na Andaluzia Ocidental, causando perdas económicas devastadoras. Este fungo propaga-se rapidamente em condições de calor e humidade, um cenário que se intensificou nos últimos anos devido às alterações climáticas. O ciclo de cultivo da batata na região, com sementeiras entre dezembro e janeiro e colheitas entre abril e junho, coincide com o início das temperaturas primaveris e com o aumento da precipitação em meses como fevereiro e março. Estas condições são ideais para o míldio, pois o fungo desenvolve-se quando as temperaturas são superiores a 10 °C e a humidade relativa é superior a 75% durante dois dias consecutivos. Os esporos podem ser espalhados pelo vento durante quilómetros e, quando chove, são arrastados para o solo, infetando os tubérculos jovens. Atualmente, os efeitos das alterações climáticas fizeram com que o míldio, que anteriormente era um problema quinquenal, se tornasse uma ameaça recorrente, afetando cada duas estações. Esta mudança conduziu a um aumento das perdas e a maiores desafios na gestão das culturas. LIMITAÇÕES DOS TRATAMENTOS ATUAIS O controlo do míldio enfrenta limitações práticas. Em condições de solos lamacentos ou encharcados, comuns durante a primavera, os tratamentos terrestres com produtos fitossanitários são inviáveis, tanto para meios humanos como mecânicos. A única alternativa nestas circunstâncias é a utilização de tratamentos aéreos, tradicionalmente efetuados por aeronaves tripuladas. No entanto, este método foi aplicado após uma autorização Os drones provaram ser uma ferramenta fundamental para ultrapassar os desafios associados à teledeteção espacial. Ao voar abaixo das nuvens, permitiram a captura de dados precisos utilizando câmaras multiespectrais.
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