BA22 - Agriterra

61 HORTICULTURA tação são também armas políticas.” Já Susana Pombo e António Serrano focaram-se nos desafios concretos: previsibilidade, responsabilidade dos operadores, excesso de regulação e a necessidade urgente de simplificar. Na segunda mesa, o foco virou- -se para a inovação. Nuno Canada (INIAV) defendeu uma ligação mais estreita entre ciência e empresas. Catarina Campos (Driscoll’s) apresentou o Centro de Inovação para a Sustentabilidade, criado em parceria com a Lusomorango, para ajudar os produtores a enfrentar os desafios do Green Deal e da escassez hídrica. Já Sandra Primitivo (EY-Parthenon) lembrou que as tendências de consumo mudaram — e que os sistemas de produção têm de acompanhar esse movimento. A terceira mesa, dedicada à autonomia e soberania alimentar, trouxe à discussão temas sensíveis: mão-de-obra, imigração, estratégia e modernização. Álvaro Mendonça e Moura (CAP) foi direto: “Quem disser que é possível continuar a crescer sem imigrantes está a mentir. Precisamos deles — e precisamos de os receber com dignidade.” Ondina Afonso (Clube de Produtores Continente) reforçou que o retalho pode ser um motor de inovação e Eduardo Diniz (GPP) apontou a modernização como caminho inevitável para garantir rendimento e competitividade. Gonçalo Santos Andrade (Portugal Fresh) e Rute Xavier (Universidade Católica Portuguesa) encerraram o colóquio com um apelo à coerência europeia nas exigências ambientais e sanitárias aplicadas aos produtos importados, em nome da competitividade da produção nacional. O presidente da Portugal Freshlembrou que, em 2024, as exportações portuguesas de frutas, legumes e flores atingiram 2,5 mil milhões de euros, um novo recorde liderado pelos pequenos frutos. O ministro da Agricultura e do Mar, José Manuel Fernandes, deixou uma mensagem em vídeo onde reforçou a importância da inovação, da cooperação e da simplificação de processos. “O combate à burocracia é uma urgência. O Programa Nacional de Apoio ao Setor da Fruta e Produtos Hortícolas, integrado no PEPAC, está alinhado com aquilo que a Europa espera de nós: modernizar, tornar mais sustentável e menos burocrático.” O colóquio da Lusomorango demonstrou que a agricultura portuguesa está preparada para crescer — mas precisa de condições estruturais, regulação inteligente e investimento contínuo. Em tempos de incerteza, o setor dá sinais claros de visão, coesão e ambição. n

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