BA22 - Agriterra

ENTREVISTA 57 Temos vindo a fazer muitas ações, mas esta paragem no governo (eleições de 18 de maio) não veio favorecer os agricultores. A verdade é que na agricultura não se pode perder tempo. Felizmente, na opinião da AJAP, manter o ministro da Agricultura foi uma ótima decisão. No ano passado, nesta mesma feira, anunciou os projetos para os jovens agricultores e sabemos que tem muita vontade em apoiar estes jovens e ajudar a contrariar esta média de idade que me preocupa. Em 2024 assistimos ao aumento do prémio da instalação do jovem agricultor e também do valor de investimento, e esse foi um primeiro passo do ministro que trouxe esperança ao setor agrícola. A agricultura é o setor fundamental da economia, ou pelo menos um deles, e aqui deixo marcada a opinião da AJAP relativamente à desertificação do interior de Portugal, que está abandonado: a visão de apoiar os agricultores, principalmente os jovens que estão a começar e nas zonas desfavorecidas ou despovoadas, é um apoio para todo o país. Deixar de apoiar a agricultura é desinvestir no desenvolvimento do país. No último governo vimos cumpridos alguns objetivos – como o apoio à construção de charcas, ou o apoio monetário aos agricultores com juros a 0%, que foi dado num anúncio de mais 150 milhões de euros para o setor –, mas queríamos mais, e parou-se, não se podiam anunciar novas medidas. Anunciou-se a Estratégia Nacional ‘Água que Une’, e esperamos que se concretize. Como sublinhei, a agricultura não para, e essa é a principal questão. E a nível do PEPAC, como têm decorrido os financiamentos? Parou tudo, embora tenham anunciado as candidaturas. A verdade é que, por exemplo, na questão das charcas demorou-se tempo a saber se estavam aprovadas ou não, só vieram a ser aprovadas as com vinte pontos e, entretanto, saiu um anúncio do governo em campanha a prometer que poderia aumentar esse valor de investimento para que uma grande parte delas não fossem chumbadas como foram… o comboio estava a andar e parou. E essa é a crítica que faço, pois com o problema de falta de água que temos, os agricultores necessitam que estes projetos sejam aprovados. Mas eu quero dizer-lhe mais: quando se fala em Alqueva, fala-se em 150 mil hectares, e o Alentejo tem dois milhões de hectares. Vamos pensar em pôr o nosso Alentejo em regadio? Vamos criar mais zonas de regadio no Algarve (como fez, e bem, a ministra do Ambiente)? Tivemos a felicidade de chover este ano, mas e se não chovesse? Vamos pensar em novas formas de captação de água? É preciso pensar noutros Alquevas. A verdade é que a agricultura de regadio traz desenvolvimento, tjovens e enriquecimento das zonas. E o Alqueva é a prova disso. Nós precisamos da agricultura de regadio. Qual é a mensagem que querem passar aos vossos associados com esta participação na FNA25? A mensagem da AJAP é de esperança. Queremos dizer aos associados que estão connosco para terem esperança no setor, que é primordial para a nossa economia. A AJAP está em contato permanente com o ministro, sente a sua vontade em apoiar a agricultura e espera que haja mais dinheiro para capacitar os agricultores em novos “É preciso pensar noutros Alquevas. A agricultura de regadio traz desenvolvimento, jovens e enriquecimento das zonas” INTERNACIONALIZAÇÃO “LEVA AS SEMENTES PORTUGUESAS PELO MUNDO” A nível do trabalho que a AJAP tem desenvolvido fora de Portugal, a associação já conseguiu “dar o pontapé de saída com o curso de formação a jovens agricultoras”, em Moçambique, participar em duas edições de feiras no Rio de Janeiro, no Brasil, para divulgar os nossos produtos”, e estabelecer um protocolo em São Tomé e Príncipe “para que haja um ‘Erasmus’ de jovens agricultores que possam vir estagiar em empresas portuguesas”, ao mesmo tempo que “os jovens agricultores portugueses vão estagiar em empresas de São Tomé”, explica Henrique Silvestre Ferreira. Em outubro passado a AJAP participou na Feira Internacional de Macau (MIF 24) com 15 agricultores de 15 empresas agrícolas, num certame que “foi muito competitivo" e que representou “um pontapé de entrada na produção” agrícola nacional na Ásia. “Já fomos convidados a regressar a Macau e já temos empresas inscritas, mas ainda vamos aumentar o número de participantes”, avança. Como conclui o presidente da AJAP, o esforço de internacionalização da associação de jovens agricultores “tem sido um trabalho muito intenso e com grandes frutos”, que tem permitido “levar as sementes portuguesas pelo mundo” através de diversos projetos.

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