BA22 - Agriterra

49 OLIVICULTURA E AZEITE EM PORTUGAL os modelos de produção mais tradicionais e familiares, que enfrentam maiores dificuldades de adaptação e margem de manobra financeira. Esta situação ameaça o equilíbrio de toda a fileira oleícola, já que os produtores ficam mais expostos às flutuações do mercado internacional e a uma maior pressão por volume, em detrimento da qualidade. Por isso, torna-se fundamental encontrar um novo modelo que permita manter a competitividade nos mercados externos, sem sacrificar o valor do azeite português, reconhecido internacionalmente pela sua excelência. O setor deve, assim, reforçar os esforços de diferenciação com base na qualidade, na certificação de origem, na sustentabilidade e numa estratégia de marca bem definida, capaz de comunicar o verdadeiro valor do azeite nacional. A estabilidade dos preços deve ser acompanhada por uma valorização efetiva do produto — nos mercados, junto dos consumidores e também a nível institucional — garantindo, assim, viabilidade económica, reconhecimento e futuro para o setor. VALORIZAÇÃO, SUSTENTABILIDADE E ORGANIZAÇÃO SETORIAL Seguiu-se um debate, moderado por José Diogo Albuquerque, da Agroportal, com a participação de Henrique Herculano, da Casa Relvas e membro recém-eleito da nova Direção da AIFO; Susana Sassetti, da Olivum; Francisco Ataíde Pavão, da APPITAD/ CAP e membro recém-eleito da nova Direção da AIFO; Mariana Matos, da Casa do Azeite; Teresa Pérez, da Interprofissional del Aceite de Oliva Español; e Pedro Santos, da Consulai. Os oradores foram unânimes na convicção de que Portugal enfrenta uma oportunidade estratégica para afirmar o seu azeite no panorama internacional e sublinharam a importância de criar e promover a marca 'Portugal' para o azeite embalado, num esforço coletivo de diferenciação e valorização do produto nacional. Ao longo do debate, ficou evidente a necessidade de apostar na organização do setor, na formação, na sustentabilidade, na promoção e na internacionalização do azeite português. Neste contexto, a AIFO — Associação Interprofissional da Fileira Olivícola — foi destacada como a entidade central para este desígnio, à semelhança da sua congénere espanhola, que investe anualmente oito milhões de euros na promoção da marca 'Azeite de Espanha'. ESG: UMA OPORTUNIDADE ESTRATÉGICA PARA O SETOR OLIVÍCOLA Assunção Cristas, keynote speaker do painel sobre ESG, destacou que a sustentabilidade deve ser vista como uma oportunidade de valorização. Referiu os compromissos internacionais, como o Acordo de Paris e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, e as grandes tendências da UE: simplificação legislativa, economia circular e mercados de carbono. O painel incluiu especialistas de várias áreas que reforçaram o papel do ESG como fator diferenciador para o setor oleícola. MARCA PORTUGAL É DECISIVA PARA VALORIZAR A QUALIDADE DO AZEITE NACIONAL O painel de debate, moderado por Ana Velez, CEO da VALKIRIAS Consultores, contou com intervenções de Fernando do Rosário (AIFO/Cooperativa Agrícola de Beja e Brinches), Nuno Santos (Sovena), João Teixeira (Fundação Eugénio de Almeida), José Duarte (Cooperativa Agrícola de Moura e Barrancos), Manuel Norte Santo (SICA) e Virgulino Neves (Portucale). Os oradores sublinharam que o azeite português está num momento decisivo e precisa consolidar a sua identidade através da Marca Portugal, que deverá representar toda a produção nacional, afirmando-se como símbolo de qualidade, autenticidade e sabor. Neste contexto, torna-se prioritário reforçar a valorização do azeite engarrafado com identidade nacional. O embalamento e a rotulagem clara da origem portuguesa, à semelhança do que acontece com o setor vinícola, são passos fundamentais para afirmar a Marca Portugal como um selo de origem reconhecido e valorizado nos mercados interno e internacional. SETOR DE PARABÉNS, MAS COM TRABALHO A FAZER PARA APROVEITAR O IMPULSO Na sessão de encerramento, Luís Rosinha destacou que o congresso foi uma oportunidade para refletir e lançar ideias concretas para valorizar o azeite português. Já Álvaro Mendonça e Moura, presidente da CAP, reconheceu o crescimento do setor nos últimos 20 anos, mas alertou para os desafios associados à instabilidade internacional e às mudanças na Política Agrícola Comum (PAC). Defendeu a proteção dos fundos agrícolas e a continuidade de projetos como a Estratégia 'Água que Une', fundamentais para garantir a sustentabilidade do olival e da agricultura nacional, e reforçou também o apelo à união do setor em torno da ativação da AIFO. O Congresso integra o projeto 'Da Oliveira à Mesa', cofinanciado por fundos comunitários e nacionais através do PDR2020. n

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