BA16-Agriterra

14 EVENTOS dade do setor de azeite, através da implementação e promoção de um conjunto de soluções inovadoras de gestão sustentável, baseadas em conceitos agroecológicos”. Para combater os problemas ambientais próprios do cultivo do olival na bacia do Mediterrâneo – como erosão e perda de fertilidade do solo, perda de biodiversidade e degradação da paisagem, superexploração de água, e poluição do ar, da água e do solo – o SUSTAINOLIVE, lançado em 2019 por um consórcio de 22 entidades de Espanha, Portugal, Itália, Grécia, Tunísia e Marrocos, incluindo universidades, centros de investigação e associações de olivicultores, desenvolveu um conjunto de soluções tecnológicas sustentáveis adaptadas à grande diversidade de condições dos olivais nesta região: coberta verde temporária espontânea ou semeada; integração da pecuária; poda das árvores e destino de resíduos da poda; fertilização orgânica; diversidade da paisagem; e uso sustentável da água. No arranque dos trabalhos na Universidade de Évora, o key-note speaker da I Conferência Técnica do Olival demonstrou que a sustentabilidade dos olivais e da produção do azeite é “uma variável relativa e extremamente complexa”, que depende não só do contexto espacial e temporal, mas, em grande medida, “de práticas específicas de gestão”. Defendendo que a sustentabilidade que é geralmente associada a um modo de produção (biodinâmico/convencional), ou a uma densidade de plantação (super intensivo/extensivo) “não é realista”, José Muñoz-Rojas sugeriu que “é preciso avançar numa classificação das tipologias de olivais tendo por base o seu nível de sustentabilidade, que permita ultrapassar as limitações inerentes às atuais tipologias mais amplamente difundidas”. Segundo o professor e investigador do MED, “existem já ferramentas conceituais (como serviços ecossistémicos) e operacionais (como pagamentos por resultados ou mercados de carbono) para avançar na promoção de práticas mais sustentáveis”. Mas é fundamental “continuar a medir, monitorizar e desafiar continuamente o nosso próprio conhecimento”, para implementar uma mudança para a qual “é indispensável”, de resto, a evolução das instituições e das mentalidades, explica. Tudo isto em prol de “um investimento no futuro da agrobiodiversidade”, já visível nas parcelas orgânicas, onde “uma maior parte da produção está a ser dedicada ao aumento da matéria orgânica e da fertilidade do solo”, conclui. UM DEBATE INSPIRADOR SOBRE UMA CULTURA EM TRANSFORMAÇÃO Numa abordagem à sustentabilidade do olival em sebe, Hugo Sena Janeiro, diretor da AGR Global, do Grupo De Prado, apresentou as práticas, a nível ambiental, da AGR Global na olivicultura, desde os estudos prévios necessários, à preparação do terreno, correções, rega e plantação, e gestão da cultura. A reter, na intervenção de Hugo Sena Janeiro, as ideias de que “a matéria orgânica é ponto essencial para um solo fértil, com todas as vantagens conhecidas”; “a poda equilibrada permite reduzir doenças e consequentes intervenções”; “a nutrição equilibrada permite reduzir os ataques de pragas”; e é necessário “reduzir o uso de pesticidas” e “melhorar os métodos de luta [contra pragas] indiretos”. O stress abiótico causado pela seca, chuvas e altas temperaturas na cultura da oliveira combate-se, na DAYMSA, com tecnologia. Explicando o que é o stress abiótico e que tipos existem – stress abiótico hídrico e stress abiótico térmico -, Javier Barrios Irache, diretor de produto da gama de biocontrolo da DAYMSA, apresentou as tecnologias da empresa para mitigar este fenómeno, destacando os resultados das aplicações de Naturamin WSP e do Profilm, que cria uma película física protetora. Com quase 250 inscrições, a I Conferência Técnica do Olival traduziu-se num evento de valor acrescentado para todos os profissionais ligados ao setor olivícola.

RkJQdWJsaXNoZXIy Njg1MjYx