ENTREVISTA 54 Hass é a que domina atualmente o mercado mundial do abacate. A tal ponto que as novas variedades que têm características semelhantes à Hass são as que têm maior possibilidade de abrir um espaço no mercado. O facto de disfarçar melhor eventuais defeitos físicos, de suportar melhor o transporte de longa distância e de ter um prazo de validade mais longo, continua a fazer da Hass a variedade preferida pelo mercado. Qual é o atual clima de mercado no mundo e em que zonas se prevê uma maior crescimento do comércio de abacate? O mercado do abacate cresceu muito nos últimos anos. Nos Estados Unidos, estamos a notar que o consumo estabilizou, enquanto na Europa existe uma disparidade consoante as zonas. Cerca de 85% da Hass é comercializada entre os Estados Unidos e a Europa, mas a Ásia é atualmente um mercado em crescimento. A China saiu da pandemia com um aumento substancial do consumo, através de novas formas como os batidos de abacate. A Índia é um novo mercado, no qual a WAO deu os primeiros passos para a promoção do consumo e onde também estão a ser criadas novas plantações para assegurar o abastecimento durante todo o ano. Como é que a falta de chuva e as alterações climáticas estão a afetar o cultivo de abacate? Penso que existem bastantes mitos em torno do abacate e um deles é o “abuso” dos recursos hídricos por parte desta cultura. No entanto, existem relatórios e estudos que demonstram o contrário. Penso que o stress hídrico que ocorre em algumas zonas não é sentido apenas pelo abacate, mas a agricultura em geral padece do mesmo, e o consumo de água por quilo encontra-se atualmente em níveis muito baixos em comparação com outros produtos agrícolas, como a carne ou o queijo. Em países como Israel ou o Peru está a ser realizado um trabalho intensivo para aproveitar a água recuperada para o cultivo e, em muitas zonas, representa uma fonte muito importante de recursos e de economia social. O que significa a sustentabilidade social do cultivo para determinadas zonas de produção no mundo? Um exemplo do que eu estava a comentar é o Peru. Desde o ano 2000 que começou a promover a agricultura de exportação, e graças ao abacate e a outros produtos, o índice de pobreza desceu de 80% para 24%. Além disso, a indústria associada ao abacate permite regularizar a economia e permite que os trabalhadores e os agricultores tenham acesso a proteção e seguros sociais. “A indústria associada ao abacate permite regularizar a economia e permite que os trabalhadores e os agricultores tenham acesso a proteção e seguros sociais”. “Dependendo da origem, existe uma utilização intensiva das novas tecnologias na produção de abacate. Especialmente na rega gota a gota, as inovações são cada vez mais”
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