39 VITICULTURA ponto de vista genético e das castas autóctones, ao mesmo tempo que salientou a necessidade de “abraçar a mudança“ que a sustentabilidade e a segurança alimentar representam, conceitos que, na sua opinião, ”não são uma moda passageira, mas sim uma estratégia com visão de futuro”. A primeira intervenção do dia ficou a cargo de Mario de la Fuente, diretor da Plataforma Tecnológica do Vinho (PTV), sobre os desafios da viticultura face aos efeitos das alterações climáticas. Na sua apresentação, descreveu com precisão os principais problemas que afetam a vinha e a agricultura a nível mundial, incidindo no aumento das temperaturas e na escassez de chuva. Além disso, a elevada idade média dos profissionais que se dedicam a esta atividade é outro dos fatores que se estão a repercutir nas estratégias de sustentabilidade que devem ser postas em prática para inverter os efeitos das alterações climáticas. As castas resistentes às doenças, as novas tecnologias aplicadas à gestão da vinha e as práticas respeitadoras do ambiente foram os principais temas de debate. Este ano, uma vez mais, a conferência contou com a presença de especialistas de renome internacional. Os participantes tiveram a oportunidade de ouvir, entre outros, Eugenio Sartori, membro da Academia Italiana da Vinha e do Vinho, que garantiu que as novas castas resistentes que vão chegar ao mercado têm de “ajudar os produtores a obter vinhos de qualidade que se possam vender bem”. A pressão das doenças fúngicas sobre a vinha, especialmente numa região como a Galiza, torna necessário este tipo de inovações para responder também às mudanças nas preferências dos consumidores que, “hoje em dia, preferem os vinhos frescos, com acidez, diferentes dos tintos com muita estrutura que se impunham no passado”, afirmou Sartori. O congresso contou com a participação de profissionais de outras áreas para além do setor primário, como foi o caso de Jerusalem Hernández, sócia e responsável pela área de Sustentabilidade e Boa Governação na empresa de consultoria KPMG Espanha. Na sua apresentação, referiu-se à sustentabilidade como “uma oportunidade que não podemos deixar escapar”, pois é um conceito que proporciona “reputação e excelência” às empresas e está atualmente a atrair a atenção dos investidores para a agricultura. Neste sentido, Hernández recordou que, para levar a cabo uma política de sustentabilidade adequada em qualquer atividade, "é necessário que se possa medir e quantificar", em termos de captura de carbono ou redução de emissões. Após uma manhã intensa de apresentações e debate, os participantes desfrutaram do networking próprio do congresso e da realização de oficinas formativas sobre aspetos práticos a ter em conta na gestão da vinha. Para terminar, uma prova exclusiva de vinhos elaborados com as novas castas resistentes que em breve serão uma realidade em Espanha, graças ao trabalho das empresas associadas à melhoria genética e ao trabalho dos centros de investigação que desenvolvem estes ensaios no país. n Jerusalem Hernández, sócia e responsável pela área de Sustentabilidade e Boa Governação na empresa de consultoria KPMG Espanha, fez uma apresentação intitulada “A viticultura será sustentável ou não será”. A prova de vinhos produzidos com castas resistentes foi conduzida, entre outros, pelo presidente da Federação de Enólogos Espanhóis, Luis Buitón, e pelo enólogo italiano Nicola Biasi, presidente da “Associação de Adegas Resistenti”.
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