REPORTAGEM 20 Lamentando o “empobrecimento paulatino da agricultura [nacional] nos últimos anos”, Nuno Melo acredita que deve existir “uma discriminação positiva para o sul da Europa e, em Portugal, deve, por fim, existir uma política de transvases”. Como conclui, “a água deve ser uma prioridade para qualquer governo”. A eurodeputada da Esquerda Europeia (Portugal) Sandra Pereira concorda com esta prioridade, salientando que “há infraestruturas que são estratégicas e não se percebe porque não saem do papel”. A responsável refere-se “a obras de apoio ao regadio e à criação de estruturas que permitam a reutilização de água”. No rescaldo do evento, o presidente da ANPROMIS congratulou-se com a reunião, em Lisboa, de 700 participantes, entre os quais uma CONCLUSÕES DO 3° CONGRESSO IBÉRICO DO MILHO delegação espanhola, num total de 100 participantes, que debateram a cultura ibérica do milho. Jorge Neves destacou, ainda, a presença de 150 alunos e docentes de instituições de ensino superior agrícola, “num claro sinal do forte empenho que a ANPROMIS tem tido em aproximar o mundo académico e os seus estudantes, os futuros agricultores e técnicos, da dinâmica empresarial que representamos". n • O milho encontra-se, reconhecidamente, entre as culturas que mais otimizam o uso dos fatores de produção, sejam eles água ou energia. • O milho produzido na Península Ibérica é reconhecido pela sua qualidade intrínseca e tem uma importância primordial na alimentação humana e animal dos dois países. • As culturas de regadio, e em concreto o milho, contribuem de forma notória para a fixação das populações no território rural dos países do sul da Europa, criando emprego, desenvolvimento socioeconómico e coesão territorial. • A importância que a agricultura de regadio tem na preservação da paisagem ibérica e no ordenamento do seu território tem de ser compensada através da criação de medidas ambientais verdadeiramente adaptadas à realidade dos dois países. • Portugal e Espanha têm de defender de uma forma descomplexada o fomento do regadio, tanto a nível nacional, como europeu. • É imperioso que Portugal e Espanha defendam uma revisão imediata da PAC, não só em Bruxelas, mas também na sua aplicação prática nos dois países, sob pena da competitividade dos nossos produtores ficar, irremediavelmente, colocada em causa. • A Comissão Europeia tem de repensar seriamente as regras que impõe aos agricultores europeus, nomeadamente ao nível da BCAA7 e da instalação das culturas secundárias, atendendo às especificidades de cada país. • A produção europeia de cereais não pode ser penalizada pela exclusão consecutiva de substâncias ativas, colocando em causa a nossa capacidade de produção, e contribuindo para a ausência de ferramentas de controlo de infestantes impactantes para a produção europeia, como a Datura. • É totalmente inaceitável que os produtores europeus de milho tenham que desenvolver a sua atividade sob um conjunto de enormes restrições e imposições, permitindo-se, em simultâneo, a importação de produtos de países terceiros onde os standards de qualidade e de segurança alimentar exigidos aos agricultores se encontram em patamares muito inferiores aos exigidos no espaço europeu. Esta distorção de concorrência é, para os produtores ibéricos, intolerável. • A União Europeia tem de autorizar, sem receios e complexos fundamentalistas, o cultivo de variedades desenvolvidas recorrendo à utilização das novas técnicas genómicas (NTG), sendo esta uma oportunidade única de retomar a dianteira no que respeita à investigação no domínio da biotecnologia. • A Europa não pode continuar isolada do mundo e tem de permitir a aplicação de herbicidas e outros fitofármacos através da utilização de drones, aplicando assim estes produtos apenas onde são necessários. • Assumindo que a Comissão Europeia não abandonou, ainda, a aplicação integral do Pacto Ecológico Europeu, não implementar estas medidas, entre outras, é decretar a morte irremediável da agricultura europeia. • A Comissão Europeia e os cidadãos europeus têm de olhar para a sua agricultura não lhe retirando a sua capacidade de produzir alimentos de uma forma sustentável, sem dogmas ambientalistas, que nada contribuem para a sustentabilidade do território europeu. • Num contexto de total instabilidade e imprevisibilidade geopolítica mundial, a soberania alimentar, a par da Defesa, constitui, para os países europeus, um desígnio estratégico. Cabe, a cada um dos Estados membros conseguir que este objetivo passe a constituir uma verdadeira prioridade. Fonte: 3° Congresso Ibérico do Milho.
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