REPORTAGEM 19 importa a Comissão Europeia repensar rapidamente a sua Política Agrícola Comum, ajustando-a à realidade dos nossos agricultores, sob pena de a nossa competitividade ficar, irremediavelmente, colocada em causa”. Na opinião de Jorge Neves, “de entre os diversos temas abordados, não podemos deixar de destacar a problemática da água. Portugal e Espanha têm a obrigação de fazer um lobby ibérico na defesa do aumento do armazenamento deste recurso, sem dogmas nem fundamentalismos”. Já José Luis Romeo, presidente da AGPME, corrobora, em declarações à Agriterra, que “a organização conjunta deste congresso é muito relevante, porque Portugal e Espanha têm um conjunto de problemas em comum. A nossa latitude exige que as nossas sementes sejam diferentes das usadas no norte da Europa, mas também temos os mesmos problemas de infestantes, de insetos e os problemas derivados da climatologia especial da região, como a seca, o que faz da água um dos temas principais que une estes dois países”. Para o presidente da associação espanhola, “estas manifestações dos agricultores são um grito que esperamos que seja ouvido em Bruxelas para uma revisão da PAC”. EURODEPUTADOS IBÉRICOS PELA DEFESA DO REGADIO EM BRUXELAS Naquele que foi um dos painéis mais aguardados do congresso – “A importância da gestão integrada dos recursos hídricos em ambiente de alterações climáticas” - eurodeputados portugueses e espanhóis concordaram que o regadio deve ser um desígnio estratégico para defender no Parlamento Europeu. E concluíram que, em conjunto, os dois países poderão alcançar medidas que beneficiem os agricultores, que diariamente procuram estratégias para se adaptarem aos impactos das alterações climáticas, nomeadamente os eventos extremos. Clara Aguilera, eurodeputada da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas Europeus (Espanha), afirmou que “a política da água é essencial na próxima legislatura. As infraestruturas hídricas estão a tornar-se importantes”. Sublinhando que “iniciámos uma agenda verde inexplicável”, a responsável apelou ao histórico de sucesso entre Portugal e Espanha na defesa dos seus interesses, sugerindo que o exemplo da eletricidade é um modelo passível de transpor para a gestão da água. Segundo Juan Ignacio Zoido, eurodeputado do Partido Popular Europeu (Espanha), “é preciso desenvolver uma infraestrutura hídrica moderna que permita travar o impacto das alterações climáticas”. Na sua perspetiva, é urgente aproveitar métodos como “a dessalinização e a reutilização de água”. Nuno Melo, eurodeputado do Partido Popular Europeu (Portugal), defendeu, por sua vez, que “os agricultores são ambientalistas racionais” e que Bruxelas tem uma posição muito dogmática face às medidas ambientais. Jorge Neves, presidente da ANPROMIS, e José Luis Romeo, presidente da AGPME, acompanhados pelo presidente da CAP, Álvaro Mendonça e Moura, e outros participantes. Os eurodeputados Clara Aguilera, Juan Ignacio Zoido, Nuno Melo e Sandra Pereira (ao centro).
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