BA13 - Agriterra

HORTÍCOLAS 71 atender à procura crescente da população. Por isso, é necessário dedicar um esforço maior para aumentar a produtividade das culturas, mesmo em ambientes agrícolas stressantes. No caso da salinidade do solo, as práticas adequadas de gestão agrícola e o melhoramento vegetal têm sido as metodologias tradicionais utilizadas para lidar com este problema. O primeiro consiste na implementação de planos de recuperação do solo, drenagem e irrigação com água de alta qualidade, mas tem custos elevados associados e, geralmente, fornece uma solução temporária para o problema. A segunda abordagem implica o desenvolvimento e a exploração de plantas capazes de tolerar altos níveis de sal, utilizando métodos tradicionais de melhoria ou desenvolvimento de culturas transgênicas, mas é uma alternativa cara e lenta. Portanto, a procura de alternativas sustentáveis (económica e ambientalmente) que permitam manter os rendimentos e, assim, satisfazer a procura atual de alimentos deve ser considerado uma prioridade. Nesse sentido, a utilização de estratégias eficazes que maximizem os recursos edáficos e vegetais tem ganho importância nos últimos anos, como a aplicação de biofortificantes microbianos. Ou seja, microrganismos vivos (fungos ou bactérias) capazes de melhorar o desenvolvimento das plantas através de diferentes mecanismos, como o fornecimento de nutrientes ou a produção de compostos benéficos. BACTÉRIAS PROMOTORAS DO CRESCIMENTO VEGETAL Os biofortificantes microbianos incluem bactérias que promovem o crescimento das plantas ou PGPB (do inglês Plant Growth Promoting Bacteria). As PGPB são um grupo muito diverso de bactérias capazes de interagir positivamente com as culturas, induzindo melhorias ao nível produtivo e nutricional, através de uma atividade multifatorial envolvendo vários mecanismos moleculares, conhecidos como mecanismos promotores do crescimento vegetal (ou mecanismos PGP). Entre os mecanismos de PGP mais estudados, encontram-se os relacionados à captação, solubilização ou mobilização de nutrientes (como a fixação de nitrogénio atmosférico; solubilização de formas insolúveis de fósforo ou potássio, ou a produção de compostos quelantes de ferro, como os sideróforos), a síntese de fitormonas (como auxinas, giberelinas ou citocininas, que induzem processos na planta como: germinação de sementes, desenvolvimento radicular e aéreo, ou desenvolvimento reprodutivo), ou a produção de outros compostos orgânicos, como poliaminas, capazes de induzir o crescimento vegetal. No entanto, as bactérias PGP também têm outros mecanismos menos conhea intrusão de água do mar e outros processos naturais (meteorização de rochas ou de material parental salino) são fatores que induzem a salinização do terreno. Estima-se que na Europa mais de trinta milhões de hectares apresentem níveis elevados de sal, sendo o sistema agrícola espanhol um dos mais afetados, devido às suas condições climáticas mediterrânicas (chuvas irregulares e intensas e verões secos) e à presença de regiões semiáridas. Os efeitos do stress salino nas plantas são complexos, podendo gerar desde o déficit de água nas raízes até à acumulação de iões tóxicos em relação a outros micronutrientes essenciais, o que induz problemas de germinação, de crescimento ou de reprodução. Desta forma, a perda de rendimento da cultura pode ser superior a 40% em terrenos afetados pela salinidade em comparação a solos não salinos. Um exemplo claro ocorre em culturas hortícolas, como no caso da alface (Lactuca sativa L.), considerada sensível à salinidade por ter um limiar de tolerância de 1,3 dS/m (um solo é considerado salino quando apresenta uma condutividade elétrica de 4,0 dS/m). A atual situação global de aumento de preços e escassez de recursos naturais torna cada vez mais difícil

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