BA11 - Agriterra

INVESTIGAÇÃO 21 "Comparados aos pesticidas sintéticos, os biopesticidas derivados de plantas (ou fitoquímicos) apresentam, à partida, menor toxicidade, são menos persistentes e são biodegradáveis" Todos reconhecemos que existe uma necessidade crescente de alternativas mais seguras para a proteção das culturas agrícolas. Neste contexto, as pragas de insetos são um dos maiores desafios para a produção agrícola a nível mundial. Os inseticidas desempenham um papel crítico no controlo da propagação de doenças transmitidas por insetos e na preservação da saúde das culturas. Estas substâncias químicas são formuladas especificamente para matar ou controlar populações de insetos. Porém, apesar das vantagens que os inseticidas oferecem, é imperativo reconhecer as possíveis consequências negativas sobre as espécies não-alvo, o meio ambiente e a saúde humana. Assim, o uso destes químicos está, cada vez mais, a sofrer proibições e restrições, além de que têm surgido resistências das pragas a este método de controlo, tornando os inseticidas menos eficazes. A CAMINHO DE INSETICIDAS MAIS BIOLÓGICOS As plantas são naturalmente uma fonte de compostos com atividades biológicas variadas, incluindo atividade anti-inflamatória, antioxidante, anti- -tumoral e antimicrobiana, além da atividade inseticida. A título de exemplo, a romã, o cravo-de-França, a erva-tintureira, o tojo, a camélia japónica (conhecida apenas como camélia ou japoneira) e a arruda exibem uma larga gama de atividades biológicas1-8, incluindo antibacteriana (por exemplo, a romã), antiviral2, 3 (por exemplo, romã e camélia), antifúngica4 (romã, cravo-de-França e camélia), anti-inflamatória5 (como a erva-tintureira) herbicida (tojo) e inseticida6-9 (cravo-de-França e arruda). A título de curiosidade, a Ginkgo biloba L. é uma espécie bastante rica em compostos bioativos, alguns deles também com atividade inseticida, nomeadamente os seus ácidos ginkgólicos.10 Comparados aos pesticidas sintéticos, os biopesticidas derivados de plantas (ou fitoquímicos) apresentam, à partida, menor toxicidade, são menos persistentes e são biodegradáveis11,12. Na primeira série de pesticidas botânicos que foram utilizados encontram-se as piretrinas, a nicotina e outros alcaloides. No entanto, devido à sua estabilidade ou toxicidade e efeitos adversos na saúde humana, o seu uso tem sido restrito e, apesar de uma aplicação crescente, permanecemmenos de 5% do uso total de pesticidas.13 Dentro desta vertente, os óleos essenciais, responsáveis pelo odor das plantas, adquirem grande importância, pois está comprovado que podem ter um efeito no combate a insetos e/ou outros animais prejudiciais para as culturas, sendo usados como “pesticidas verdes”, ajudando a salvaguardar a saúde humana e reduzindo o desgaste dos solos com inúmeros produtos químicos.14,15 Alguns óleos essenciais têm propriedades farmacológicas e estão inscritos na Farmacopeia Portuguesa, como o óleo essencial de limão, de alfazema, de eucalipto, de cravinho e de tomilho. Em particular, o óleo essencial do cravo-da-Índia contém eugenol, um composto de atividade inseticida amplamente comprovada.16,17 Os óleos essenciais são misturas complexas demúltiplos compostos voláteis, podendo ser extraídos por diversas técnicas, como a hidrodestilação e a destilação por arrastamento de vapor,

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