61 AGRICULTURA BIOLÓGICA centravam emmelhorar e aumentar a produção, o que se veio a traduzir na intensificação dos processos agrícolas. Nas décadas de 60 e 70 assiste-se a um novo impulso na produção biológica, principalmente nos países da Europa do Norte, associado, emgrande parte, à emergência de movimentos ecológicos e outros movimentos alternativos. Com o aumento da procura, motivada por questões de saúde e ligadas à proteção do ambiente, a década de 80 serve de palco à continuidade do seu desenvolvimento. DIFERENTES NOMENCLATURAS Apesar do crescente interesse e importância da agricultura biológica, o significado do termo manteve-se durante muito tempo pouco claro. E inclusive deparamo-nos com diferentes nomenclaturas: em Portugal, e na generalidade dos outros países, é conhecida por “agricultura biológica”; no Brasil e nos países de língua inglesa é denominada “agricultura orgânica”, enquanto que em países como Espanha e Dinamarca se fala em “agricultura ecológica” e no Japão em “agricultura natural”. A agricultura biológica caracteriza- -se por possuir uma base ecológica, holística e socialmente responsável. Tem como propósito permitir aos agricultores uma melhor valorização das suas produções e dignificação da profissão, bem como a possibilidade de permanecerem nas suas comunidades; garantir aos consumidores a possibilidade de escolherem consumir alimentos de produção biológica, sem resíduos de pesticidas de síntese e, por isso, melhores para a saúde humana e para o ambiente. Contudo, não se pode considerar uma “agricultura sem químicos ”. Hoje, a agricultura biológica representa o único método de produção agrícola definido e regulamentado com rigor, comportando soluções para problemas ambientais, económicos e sociais dos nossos dias. CONTEXTUALIZAÇÃO NA EUROPA Permitir às pessoas envolvidas na produção biológica uma qualidade de vida conforme a Carta dos Direitos Humanos das Nações Unidas, de maneira a cobrir as suas necessidades básicas e obter um adequado rendimento e satisfação no trabalho realizado, é uma meta. Estas práticas agrícolas nos países desenvolvidos têm vindo a ser subsidiadas, de forma crescente, pelos seguintes fatores: problemas de poluição do solo, água e alimentos com nitratos e pesticidas; degradação da qualidade do solo; efeitos negativos da aplicação de pesticidas na saúde dos agricultores e comunidades rurais e resistência crescente das pragas aos pesticidas. Por todos estes motivos, a agricultura biológica tem vindo a ganhar uma importância crescente em muitos países, independentemente do seu grau de desenvolvimento. Antes que a Política Agrícola Comum (PAC) refletisse alguma preocupação de intervenção no âmbito da agricultura biológica, já países como França haviamcriado legislação nacional sobre a produção e certificação e sobre programas de apoio. Em 2018, os países com mais mercado nos produtos biológicos foram os Estados Unidos da América (40,6 mil milhões de euros; 42%), Alemanha (10,9 mil milhões de euros) e França (9,1 mil milhões de euros). A União Europeia representa 38,5% (37,3 mil milhões de euros) e a China 8,3% (8,1 mil milhões de euros). Em Portugal, o mercado de produtos biológicos apresentou, em 2011, o valor Avaliação de variedades biológicas de repolho.
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